O cadastro existe desde 2011, porém, a partir do último sábado (11), todos os clientes terão suas informações compartilhadas entre empresas e gestores de bancos de dados a fim de identificar bons pagadores e possibilitar benefícios ou taxas menores em solicitações de crédito.
Todos os clientes que forem adicionados ao Cadastro Positivo deverão ser informados dentro de 30 dias. Mesmo com a inclusão automática no Cadastro Positivo, o consumidor poderá, a qualquer momento, solicitar que seu nome seja excluído do banco de dados.
Quem for notificado já poderá consultar seu histórico financeiro nos sites das empresas especializadas em análise de crédito, que são as empresas que coletam as informações dos bancos e outras instituições com as quais o consumidor tem relacionamento financeiro.
Segundo o economista Hipólito Martins Filho, o Cadastro Positivo é importante pois serve de referência para determinar o valor da taxa de juros a ser paga. "Eles vão acessar, colocar seu nome lá e vão ver qual seu histórico de crédito. Se você tiver um bom histórico, você vai pagar juros menores pelo empréstimo ou prestação daquilo que comprou”, falou.
Ele não recomenda a saída do consumidor do banco de dados. O interessante é que o consumidor tenha um histórico bom, mas, ainda que seja ruim, é melhor do que não ter. "Ninguém vende para quem não tem referência, ninguém empresta."
O economista diz que o cadastro é um avanço significativo, pois, "pagando menos juros, as pessoas tomam mais crédito, consomem mais e produzem mais”. Isso, segundo ele, colabora para a retomada do crédito no Brasil, pois com o aumento da escala de empréstimo, a taxa de juros tende a cair.
Entretanto, não existe nenhuma garantia que os juros no mercado vão, de fato, abaixar, segundo o coordenador de atendimento do Procon Rio Preto, Zaqueu Santos. "São nebulosos os critérios utilizados pelas instituições financeiras para atribuição de nota ao consumidor”, disse.
O currículo financeiro gerado através do cadastro nada mais é que a síntese de todas as informações relacionadas a pagamentos e contas. São analisados valor de compra, valor de parcela, data de vencimento, data de pagamento, valor de pagamento e dados cadastrais do consumidor. Não são compartilhadas informações bancárias.
Para o economista André Yano, o cadastro estrutura a personalização do cliente, evitando uma cobrança injusta da taxa de juros. Essa personalização é baseada em operações de crédito passadas para operações financeiras futuras.
"Tudo isso vai compor o que a gente chama de score. A partir do score é que os bancos vão calcular um financiamento imobiliário, se o cartão de crédito pode ter limite maior e juros menores”, falou Yano.
Ele explica que entre os bancos, por exemplo, é aberta a informação sobre devedores. A diferença é que, com o cadastro, essas informações se tornarão públicas para as instituições de crédito consultarem.
Yano acredita que a privacidade seja um motivo que faria o consumidor optar por se descadastrar da lista, inclusive pela procura das instituições de crédito por aqueles que são bons pagadores.
Entretanto, permanecer no cadastro, mesmo que com histórico ruim, pode ser bom para o consumidor avaliar sua situação e buscar se regulariza, utilizando o serviço como um parâmetro para poder voltar a consumir.