No dia 15 de janeiro, quarta-feira, às 20h, o Rio Preto Shopping será palco do lançamento do livro Zulmira de Z a A, contemplado pelo Prêmio Nelson Seixas 2019. A autora, Zulmira Nery Praxedes, baiana, que estudou até o quarto ano, comemora 95 anos no mesmo dia.
Feito literatura de cordel, as poesias carregam traços da oralidade ritmada do nordeste, em histórias que narram memórias da infância de Zulmira na Bahia, sobre a família, sobre pessoas que conheceu vida afora, e até sobre cachorro de rua.
Zulmira de Z a A é o primeiro livro da autora, que sempre escreveu sem pretensão de publicar a obra. Ilustrado pela artista Marta Canteiro, editado pela Editora Ponto Z, do jornalista Edmilson Zanetti, e prefaciado pela filha de Zulmira, a psicóloga Inês Praxedes, o livro tem mais de cem poesias e é uma espécie de cartografia de vida da quase centenária escritora.
Com a proposta de incentivar a produção literária e o hábito da leitura na terceira idade, além do resgate do vocabulário típico da Bahia, o projeto apresentado ao Prêmio Nelson Seixas caiu no gosto dos jurados. Além da produção e publicação do livro, o projeto contempla doação de exemplares a escolas municipais e oficinas de contação de histórias em quatro asilos e uma instituição de abrigo a crianças carentes de São José do Rio Preto.
A iniciativa de escrever o projeto foi da neta de Zulmira, Íris Zanetti, fotógrafa, que cresceu ouvindo as histórias e poesias da avó. "Quando adolescente, minha mãe começou a esboçar um livro das poesias da vó Zulmira, à mão. Mas com o tempo, tudo que ela escrevia ficava espalhado por agendas e papeis soltos pela casa. Na mudança de vovó e da minha tia de São Paulo pra Rio Preto, minha mãe colocou todas essas agendas numa caixa. Eu digitei tudo que encontrei em um notebook”, conta. "A produção do livro foi uma retrospectiva de histórias da família, da infância da minha avó na Bahia, coisas que eu nem conhecia. Foi uma dupla premiação”.
A poesia e a rima fascinam Zulmira desde a infância, quando uma das irmãs mais velhas, de uma prole de 16 filhos, lia poemas para ela. Ainda analfabeta, a criança decorava os versos e os recitava de memória. Uma vez, declamou A Juriti, de Casimiro de Abreu, frente a uma multidão da escola da irmã. Como prêmio, ganhou um livro. Hoje, prestes a completar 95 anos, Zulmira é lúcida e recita a maioria das poesias de memória, fato que impressiona muita gente.
O Prêmio Nelson Seixas é um dos fundos culturais mais importantes de São José do Rio Preto, com premiações que contemplam anualmente projetos artísticos.