Impulsionada por seus parques aquáticos e por uma série de empreendimentos hoteleiros que surgiram nos últimos anos, Olímpia (a 438 km de São Paulo) deve receber até o fim de janeiro um total de turistas quase dez vezes maior que a população local.
Com suas águas termais e 23 mil leitos em hotéis, a expectativa é de que 500
mil pessoas passem pela cidade de 54 mil habitantes até janeiro, dos quais 56%
paulistanos ou moradores da Grande São Paulo, conforme dados da prefeitura.
A história do turismo em Olímpia, que vive um boom nos últimos anos, surgiu
quase que por acaso. Nos anos 1950, quando inaugurada, a Petrobras perfurou
poços em busca de petróleo em várias regiões do país. Um dos locais foi a
cidade do interior paulista. Mas a busca resultou apenas no encontro de água
quente, de até 38°C.
O poço foi fechado, mas décadas depois incentivou o surgimento do Thermas dos Laranjais,
parque aquático inaugurado em 1987 e grande mola propulsora do turismo na
cidade.
Ele recebe cerca de 2 milhões de visitantes por ano e, até o Carnaval de 2020,
deve abrigar 10% mais turistas que no mesmo período no ano passado, segundo
Jorge Luiz Noronha, vice-presidente do parque.
Com 55 atrações, o local está sendo ampliado com a aquisição de uma área de 70
hectares (98 campos de futebol).
Além dele, o Hot Beach, segundo parque a surgir, deve fechar 2019 com 600 mil
visitas, para uma capacidade instalada de 1,2 milhão.
A cidade, que tinha menos de 3.000 leitos de hospedagem em 2010, alcançou
22.794 em 2018 e a projeção é que surjam mais 6.000 nos empreendimentos em
construção. Há, ainda, outros 6.500 leitos em processo de licenciamento que, se
confirmados, deixarão a cidade em 2025 com mais de 35 mil vagas.
"Os empreendimentos que Olímpia já tem são sustentáveis. Não dá para
controlar a oferta, proibir ninguém de construir, mas o que tem sido feito é
exigir que cada empreendimento tenha área própria de lazer, até para que os
turistas tenham mais atividades disponíveis depois que os parques aquáticos
fecham", disse Sergio Ney Padilha Garcia, diretor-executivo do grupo
Ferrasa, que criou o Hot Beach.
Essa é a ideia do Vale dos Dinossauros, parque temático inaugurado em agosto
com 38 réplicas de dinossauros numa área de 6.000 m², que recebe turistas
principalmente à noite.
Dados da prefeitura mostram que há atualmente 6 resorts, 22 hotéis, 55
pousadas, 2 hotéis-fazenda, 2 hostels e 508 casas de temporada disponíveis para
turistas.
O crescimento se dá, principalmente, em empreendimentos multipropriedade. Cada
apartamento pode ter até 52 donos, que o utilizam uma semana por ano, ou 13
donos, que têm direito a quatro semanas anuais -normalmente os períodos são
sorteados para que contemplem alta e baixa temporadas e os donos ficam sabendo
com antecedência o período a que terão direito. Se não quiserem usar a data,
podem colocar o apartamento para locação.
"Nossa família tinha visto esse crescimento acontecer em Caldas Novas [GO]
nos anos 80. Temos apostado muito no segmento de multipropriedade, pois ajuda a
aumentar a quantidade de turistas na cidade. É um produto inteligente, só se
paga pelo que se usa", disse o presidente do grupo GR, Gustavo Rezende.
A empresa chegou a Olímpia em 2010 e construiu o Royal Thermas Resort &
Spa, com 12 torres e 960 apartamentos, anexo ao Thermas dos Laranjais. No
segundo semestre de 2020, deve lançar um novo empreendimento, com 300 unidades.
"Ainda há muitas pessoas que nunca ouviram falar de Olímpia, então há
muito o que se fazer e espaço para crescer", afirmou Rezende.
Além do Hot Beach, o Ferrasa inaugurou um hotel e dois resorts; tem mais um
resort em andamento e outro programado, e estuda a ampliação do parque termal.
O sistema de fracionamento foi adotado também no resort em construção, que está
98% vendido, segundo Garcia.
Já o grupo Natos deve lançar no primeiro semestre o Solar das Brisas, com 850
apartamentos no sistema de multipropriedade, segundo o presidente do grupo,
Rafael Almeida.
"Estamos trabalhando para viabilizar um aeroporto para receber voos
fretados em Olímpia. Para 2020, iniciaremos os primeiros voos nesse sistema na
região, mas pousando em São José do Rio Preto", disse.
O grupo construiu na cidade o Enjoy Olímpia Park Resort, com 4 torres de 17
andares e 912 apartamentos.
O mercado turístico de Olímpia detectou uma mudança no perfil dos turistas. Se
no início eles eram basicamente visitantes de um dia, hoje a média de
permanência na cidade é de três a quatro dias, o que faz ser necessário criar
mais atrativos.
Com isso, depois do parque temático dos dinossauros, a cidade deve inaugurar em
2020 um museu de cera e um bar de gelo, para a temporada de julho; um parque de
diversões é estudado.