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Psicóloga e membro do Coletivo Feminista Lugar de Mulher é onde ela Quiser. DLNews, NUPE e Mulheres na Política no mês de Julho das Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas
Foto por: Silvana Corrêa Silva
Psicóloga e membro do Coletivo Feminista Lugar de Mulher é onde ela Quiser. DLNews, NUPE e Mulheres na Política no mês de Julho das Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas

A originalidade de Lélia Gonzalez

Por: Silvana Corrêa Silva
29/07/2022 às 16:56
Artigos

Ao entrar em contato com a produção intelectual e da trajetória de Lélia Gonzalez podemos notar a sua originalidade na desconstrução do discurso dominante euro-centrista e colonizador


Filha de uma empregada doméstica descendente de indígenas e de um operário negro, Lélia Gonzalez (1935 – 1994) teve a oportunidade de estudar além do ensino básico, uma vez que as pessoas pobres e negras deixavam a escola para trabalhar. Após concluir o ensino secundário, estuda História e Geografia na Universidade da Guanabara, atual Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ. Conclui o mestrado em Comunicação e o doutorado em Antropologia Política. Atuou como professora em escolas de nível médio, em faculdades e em universidades. No decorrer de sua trajetória, declara que passou por uma lavagem cerebral dada pelo discurso pedagógico brasileiro, porque ao aprofundar seus conhecimentos rejeitava cada vez mais a sua condição de negra. Em 1964, casa-se com o espanhol Luiz Carlos Gonzalez, um amigo de faculdade, momento este no qual as reflexões sobre a questão racial se acentuaram, pois a família do rapaz branco não aceitava a relação. Um ano depois, após o suicídio do marido, a professora busca na psicanálise e no candomblé conhecimentos que se tornaram referência em seu trabalho. Funda o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, e em 1976 ministrou o primeiro curso institucional de cultura negra no país.  É uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado contra a discriminação racial – MNU. Desse modo, contribuiu para que o mito da democracia racial e a ideia do "contato harmônico” entre portugueses, africanos e índios fosse desconstruído, pois apagava a violência dessas relações e, consequentemente, negava a existência do racismo.

Lélia cria um marco conceitual para a compreensão da Identidade brasileira e de seus irmãos de continente: a Amefricanidade.  Assim, propõe uma nova visão do feminismo que considera o caráter multirracial e pluricultural da América Latina em contraposição à visão eurocêntrica, culminando no que hoje se aproxima do feminismo interseccional que incorpora as desigualdades de raça, gênero e classe, que questiona a ordem econômica e de pensamento de grupos dominadores.  É autora de um Feminismo Afro Latino Americano, Festas Populares no Brasil, Lugar de Negro e Lugar da mulher.

Em seu artigo Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, Lélia ironiza a condição de meros objetos de pesquisa por pesquisadores brancos. Usando conceitos de psicanálise de Jacques Lacan (1901-1981), questiona o fato de mulheres não brancas serem o objeto de outros sujeitos, "faladas, definidas e classificadas por um sistema ideológico de dominação que nos infantiliza”.

 








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