Algumas vidas constroem evoluções. Foi o caso da saudosa vida de Luiza Bairros que, sendo ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial no governo Dilma, efetivou ações necessárias para a equidade neste nosso país. Principalmente quando conseguiu o decreto da Lei n° 12.711/2012, que garantiu o acesso ao ensino superior aos estudantes negros, pardos e indígenas por meio das cotas
Filha de mãe cuidadora do lar e de pai militar, Luiza Bairros
ensinou como desbravar muitas fronteiras em universidades, se tornando
administradora, com especialização em planejamento regional, mestre em ciências
sociais e doutora em sociologia.
Segundo pesquisa, de Tatiana Dias Silva, publicada no IPEA em
2020: "entre 2012 e 2014, as vagas reservadas para negros e indígenas em
universidades federais passaram de 13.392 para 43.613 – um aumento de 225%.”
Porém, o que temos são vagas disponíveis
não preenchidas e evasões de cursos por falta de outros recursos. Por isso, os
programas de incentivos devem ser continuados e fortalecidos até que as
desigualdades sejam sanadas e consigamos a equidade de acesso entre todas as
etnias, descendências e para os que têm dificuldade de mobilidade.
Ainda há desigualdades de oportunidades e desrespeitos, sim!
Principalmente sendo mulher negra, como ela. O problema é atual, mas com leis e
diretrizes de pessoas que não perdem fôlego de luta, como Luiza, isso tem
diminuído paulatinamente.
Luiza foi uma mulher com muito empenho, de estudar e resistir, de
motivar outras vidas a desbravar oportunidades. Em 1979, foi para Salvador-BA,
fazer parte do Movimento Negro Unificado e o fortaleceu para que este projeto
se tornasse nacional.
Pesquisas científicas, de muitas projeções, passaram por
orientações e apoios desta corajosa mulher negra, Luiza Bairros, a qual devemos
divulgar, afim de encorajar outras meninas e mulheres, que ainda estão
atravancadas pelas poucas oportunidades deste país, a avançarmos em equidade
racial e sexual.
Em seu artigo, de 1995, "Nossos feminismos revisitados” ela
retratou questões que infelizmente vimos em notícias recorrentes. Ela nos
detalhou: "O que se espera das domésticas é que cuidem do bem-estar dos outros,
que até desenvolvam laços afetivos com os que dela precisam sem, no entanto,
deixarem de ser trabalhadoras economicamente exploradas e, como tal, estranhas
ao ambiente do qual participam”.
Luiza faleceu precoce, em 2016, aos 63 anos, em decorrência de
câncer. Como tantos outros afrodescendentes ela foi responsável por muitos
desenvolvimentos econômicos, sociais e educacionais neste país, mas, não tem
ainda a memoriável visibilidade merecida.
Como ministra, militou pela democracia brasileira. Conquistas por
hora feridas, e em riscos, pelas ignorâncias advindas dos precários sistemas
educacionais e culturais que ainda sofremos neste nosso Brasil.