Músico paraibano autor de sucessos como Sebastiana, O Canto da Ema e Chiclete com Banana é homenageado no espetáculo da companhia carioca Barca dos Corações Partidos, que traz clima de poesia, brincadeira e alegria para a cena
Companhia carioca
dedicada ao teatro musical brasileiro, a Barca dos Corações Partidos abre a
edição 2022 do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT
Rio Preto) com o premiado espetáculo Jacksons do Pandeiro, que traz ao palco a
atmosfera de poesia, brincadeira e alegria que marcou a trajetória do artista paraibano
Jackson do Pandeiro (1919-1982), conhecido como o "Rei do Ritmo”. A
apresentação é gratuita e será no dia 21 de julho, quinta-feira, às 20h, no
Anfiteatro Nelson Castro (Parque da Represa-Lago I), sem necessidade de
retirada de ingresso.
Vencedora do prêmio
APTR (Associação dos Produtores de Teatro) e indicada como melhor espetáculo
virtual pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), a obra aborda
episódios e músicas do cantor, compositor e multi-instrumentista homenageado
que se relacionam com a vida dos atores em cena. A direção é de Duda Maia,
texto de Braulio Tavares e Eduardo Rios e direção musical de Alfredo Del-Penho
e Beto Lemos.
Jackson deixou um
legado de mais de 400 canções recheadas de gêneros genuinamente brasileiros
como samba, forró, coco, baião e frevo. Sucessos como Sebastiana, O Canto da
Ema, Chiclete com Banana, Cantiga do Sapo se fazem presentes na trilha sonora,
bem como composições menos conhecidas que revelam mais da alma brasileira e
sincopada do artista.
A ação é
compartilhada entre os brincantes que contam pedaços de suas próprias
histórias, trazendo muitos pontos em comum com a do artista homenageado.
"Falando de Jackson, falamos desses nordestinos anônimos. Falando deles,
falamos do cantor e compositor que levou a vida deles para as rádios e as TVs,
em forma de cocos e baiões”, analisa Tavares, também paraibano.
O texto aparece em
forma de música e também como poesia ou poema musicado. "Cada vez que aparece,
o texto propõe uma nova brincadeira rítmica – mesmo não tendo uma métrica de
poesia – por meio de um jogo de palavras ou outro mecanismo. A nossa ideia é
fazer isso para dialogar com as músicas do Jackson, que tinham poesia,
brincadeira e alegria”, continua o autor da peça.
O elenco conta com
Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios, Renato Luciano e
Ricca Barros, integrantes da Barca, que dividem a cena com três artistas
convidados: Everton Coroné, Lucas dos Prazeres e Luiza Loroza.
É a segunda vez que
a trupe faz a abertura do FIT Rio Preto. Com Suassuna – O Auto do Reino do Sol
(2017), dirigido por Luiz Carlos Vasconcelos, reconhecido pelo trabalho em Vau
da Sarapalha, do grupo paraibano Piollin, a Barca abriu a edição 2017.
Sobre a companhia
A mistura bem
sucedida do teatro com a música nas criações da companhia começou a partir de
Gonzagão – A Lenda (2012), e Ópera do Malandro (2014), dirigidos por João
Falcão. Em 2016, Duda Maia conduziu Auê, espetáculo que misturou linguagens
como teatro, show, circo e recital. Em 2019, seus multiartistas passaram nove
meses estudando o clássico Macunaíma, de Mário de Andrade, ao lado da diretora
Bia Lessa, resultando no espetáculo Macunaíma – Uma Rapsódia Musical.
Sobre Jackson do
Pandeiro
Natural de Alagoa
Grande (PB), José Gomes Filho (1919-1982) iniciou a trajetória artística ao
acompanhar a mãe em rodas de coco, nos arredores de um engenho. Alfabetizado
aos 35 anos, migrou para o Rio de Janeiro e estreou em disco (1953) com um
compacto que trazia dois sucessos da sua carreira: Sebastiana e Forró em
Limoeiro. Nos anos que seguiram, participou de filmes, festivais e apresentou
composições – a maioria com um toque característico de humor – que entraram
para a história da música popular brasileira. Deixou como legado mais de 140
discos.
O festival
Um dos mais
importantes espaços de difusão e reflexão das artes cênicas no País, o FIT Rio
Preto retorna à cena cultural de 21 a 30 de julho. A programação contará com 31
espetáculos, sendo 15 com entrada gratuita, de gêneros e estéticas diversas,
que irão ocupar 20 locais da cidade, entre palcos, ruas e espaços alternativos,
totalizando 65 apresentações em 10 dias. São obras de 10 estados – São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará,
Pará, Amazonas e Rio Grande do Sul – e do Chile, Colômbia e Espanha, além de
uma coprodução Brasil e Itália, e uma leitura dramática de um texto holandês.
O evento oferecerá
17 ações formativas e reflexivas gratuitas e um ponto de encontro, o
Graneleiro, com 34 intervenções artísticas, shows e performances, com entrada
franca.
Realizado pela
Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto e pelo Sesc São Paulo, o FIT Rio
Preto chega, em 2022, aos 53 anos de história e 20 anos de edição
internacional, retornando à ativa após uma lacuna de dois anos sem edições por
conta da pandemia da covid-19. O festival volta à cena com o propósito de
marcar a retomada dos grandes eventos culturais, demonstrando a importância da
arte e cultura especialmente em tempos difíceis, como de uma crise sanitária e
humanitária