Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência.



Governador Rodrigo Garcia(PSDB)
Foto por: Divulgação
Governador Rodrigo Garcia(PSDB)

Rodrigo completa 1 mês como governador longe de Doria e com receita de Covas

Por: FOLHAPRESS - ARTUR RODRIGUES E CAROLINA LINHARES
29/04/2022 às 13:30
Política

Após o susto com a ameaça de João Doria (PSDB) não deixar o Governo de São Paulo, o também tucano Rodrigo Garcia, então vice e a...


Após o susto com a ameaça de João Doria (PSDB) não deixar o Governo de São Paulo, o também tucano Rodrigo Garcia, então vice e agora governador, não perdeu tempo na busca de conquistar a chefia do Palácio dos Bandeirantes pelos próximos quatro anos.

Em um mês no comando do estado, teve uma intensa agenda de viagens ao interior, eventos e entrevistas, além de efetuar mudanças em cargos com o objetivo de dar a sua cara ao governo.

No caso de Rodrigo, demarcar o início de uma nova gestão é visto como necessário por aliados por duas razões --blindar-se da rejeição de Doria, medida em 30% no último Datafolha, e superar seu desconhecimento pelos eleitores.

Também de acordo com a pesquisa Datafolha, 85% não sabem quem é o governador paulista. E 66% dos eleitores não votariam em candidato indicado por Doria.

Rodrigo segue uma cartilha que lembra a que reelegeu Bruno Covas (PSDB) prefeito de São Paulo em 2020. Ele repete um discurso centrista e de pragmatismo, para fugir da polarização nacional e focar em vitrines locais.

"Não me importa se você é de esquerda, centro ou direita; se a obra é municipal, estadual ou federal. Me importa o problema e a solução", escreveu recentemente em suas redes, em formulação que costuma repetir com frequência.

Outra estratégia eleitoral é manter distância de seu impopular antecessor, que está fora das inserções regionais de TV do PSDB em São Paulo. As peças estreiam no próximo dia 11.

A relação entre os dois ficou estremecida após Doria ameaçar ficar no cargo, o que tiraria a vantagem de Rodrigo de concorrer na cadeira de governador.

Aliados de Rodrigo apontam que, como Doria enfrenta uma série de dificuldades para viabilizar sua candidatura presidencial, o ex-governador é quem tenta tirar proveito eleitoral do governador. Apesar da distância entre eles, Doria chegou a postar foto com Rodrigo nas redes.

Ainda de acordo com políticos que acompanham a pré-campanha tucana, aliados de Rodrigo já admitem que, para o governador, o ideal seria que Doria não fosse o presidenciável escolhido pelo grupo de partidos da terceira via.

Atualmente, a tendência de MDB e União Brasil é não dar apoio a Doria, enquanto Rodrigo já tem acordo com esses partidos em São Paulo, além de Podemos e até parte do PL de Jair Bolsonaro.

Segundo a reportagem apurou, ex-governador não deve fazer parte da campanha de Rodrigo. Fora das telas, a tendência é a mesma.

Um sinal disso é que ambos foram em dias separados ao principal evento político dos últimos tempos, a feira Agrishow, em Ribeirão Preto, que recebeu uma romaria de políticos em busca do apoio do agro e dos votos do interior paulista.

Rodrigo não tem poupado acenos ao interior ao postar fotos com chapéu de caubói e exaltar as origens de homem do campo. Ele criou o programa Governo na Área, em que vai até as cidades para resolver problemas locais.

A reportagem mapeou a presença de Rodrigo em ao menos 22 cidades do estado no período, sendo que ele esteve presente em algumas delas mais de uma vez, caso de Campinas.

No evento em Ribeirão, ele enumerou diversos programas que têm recebido grande injeção de verba desde o ano passado, como de estradas rurais e pavimentação. "São Paulo também é agro, a secretaria da Agricultura tem diversas ações para melhorar a competitividade do agronegócio", disse.

O uso da máquina pública de São Paulo é apontado por aliados e detratores como a principal vantagem de Rodrigo na disputa estadual. Como mostrou a Folha de S.Paulo, a secretaria de Agricultura multiplicou por 15 seus gastos em 2021 com equipamentos e crédito para produtores rurais.

Candidato de Bolsonaro, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) é um dos obstáculos para Rodrigo no interior, que tem fama de conservador e bolsonarista.

No entanto, pesquisa Datafolha realizada no começo do mês animou aliados do governador, uma vez que ele aparece empatado com Tarcísio.

No cenário em que o ex-governador Márcio França (PSB) concorre, Fernando Haddad (PT) tem 29%, França tem 20%, Tarcísio, 10%, e Rodrigo, 6%, empatados no limite da margem de erro. Sem França, Tarcísio e Rodrigo alcançam 11%.

A estratégia de Rodrigo na concorrência com Tarcísio e os nomes que apoiam Lula (PT), como Haddad e França, é justamente se mostrar conhecedor dos problemas reais de São Paulo, independentemente de conceitos como direita e esquerda.

Para isso, a campanha de Rodrigo deve exaltar sua experiência, já que o governador atua na administração pública desde os 22 anos. Com o objetivo de se descolar de Doria, Rodrigo se apresenta ao eleitor como um político que atuou com cinco governadores diferentes.

Em uma peça nas redes sociais, ele diz que seu partido é São Paulo, evitando o desgaste do PSDB. Rodrigo é tucano desde maio de 2021, mas mantém as relações políticas e os aliados do DEM, legenda em que militou a vida toda.

O discurso de não ideologia para fugir da polarização foi adotado com sucesso por Bruno Covas, que pregou moderação e se concentrou nas questões práticas nas eleições de 2020 -Covas morreu no ano passado, vítima de um câncer.

Aliados de Rodrigo afirmam, porém, que o discurso pragmático já fazia parte do estilo do governador.

Embora tente fugir das polêmicas, o governador se viu arrastado para arena bolsonarista ao entrar em discussão iniciada por Tarcísio -o ex-ministro afirmou que acabaria com o programa de câmeras corporais, que reduziu a letalidade da Polícia Militar.

Mesmo com bons resultados do programa no estado, Rodrigo disse em entrevista à Veja SP que via dúvidas sobre o projeto em algumas situações. Posteriormente, ao ser questionado, ele voltou a defender as câmeras e disse que adversários querem transformar o assunto em guerra ideológica.

A segurança é um dos flancos explorados pelo bolsonarismo para atacar o governo e, consequentemente, Doria e Rodrigo. Embora os índices de criminalidade de São Paulo venham caindo, a população tem sofrido com roubos de celulares e o golpe do pix.

Recentemente, Bolsonaro publicou um post prestando solidariedade em relação ao assassinato de Renan Silva Loureiro, de 20 anos, em um roubo de celular. O suspeito do crime foi identificado.

Nesta semana, Rodrigo trocou as cúpulas das polícias. Na Polícia Civil, saiu Ruy Ferraz Fontes, conhecido pelo trabalho de combate ao crime organizado, para dar lugar a Osvaldo Nico Gonçalves, de perfil mais midiático e sempre presente em casos de grande repercussão.

Além das trocas na segurança, Rodrigo nomeou novos secretários nas pastas da Fazenda, Governo, Meio Ambiente, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Econômico e na Procuradoria-Geral do Estado.

A maioria dos novos secretários são nomes considerados técnicos, alguns deles já presentes em outros governos tucanos.

De modo geral, tucanos paulistas ouvidos pela reportagem elogiam as medidas de Rodrigo em seu primeiro mês na cadeira. Há, no entanto, o alerta de que talvez a máquina não seja suficiente para quebrar a polarização Lula-Bolsonaro no estado.

Nesse sentido, falta a Rodrigo, de acordo com esses políticos, uma marca social forte como diferencial ou um fato ou programa que o torne conhecido definitivamente.



Publicado em Fri, 29 Apr 2022 13:11:00 -0300







Anunciar no Portal DLNews

Seu contato é muito importante para nós! Assim que recebemos seus dados cadastrais entraremos em contato o mais rápido possível!