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 Uma pesquisa inédita revelou que apenas uma em cada quatro pessoas que foi internada com Covid se sente totalmente recuperada um ano após a alta hospitalar.
Foto por: Adriano Vizoni/Folhapress
Uma pesquisa inédita revelou que apenas uma em cada quatro pessoas que foi internada com Covid se sente totalmente recuperada um ano após a alta hospitalar.

Um ano após internação por Covid, 1 em cada 4 se recupera totalmente, diz estudo

Por: FOLHAPRESS - ANA BOTTALLO
24/04/2022 às 18:00
Saúde

Uma pesquisa inédita revelou que apenas uma em cada quatro pessoas que foi internada com Covid se sente totalmente recuperada um ano a...


 Uma pesquisa inédita revelou que apenas uma em cada quatro pessoas que foi internada com Covid se sente totalmente recuperada um ano após a alta hospitalar.

A sensação de recuperação total da doença é menor para as mulheres (32% menos provável), pessoas com obesidade (50% menos provável) e aqueles que tiveram que utilizar a ventilação mecânica durante o período de internação (58%).

Os dados são de um grande estudo pós-internação pela Covid (PHOSP-Covid, em inglês), conduzido no Reino Unido e publicado no último sábado (23) na revista especializada The Lancet Respiratory Medicine. Os resultados da pesquisa também foram apresentados no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, que acontece em Lisboa (Portugal) de 23 a 26 de abril.

A pesquisa é liderada por Christopher Brightling, Rachel Evans e Louis Wain, professores do Centro de Pesquisa Biomédica do Instituto Nacional de Saúde, na Universidade de Leicester.

O estudo acompanhou 2.320 pacientes que tiveram alta hospitalar após uma infecção por coronavírus entre 7 de março de 2020 e 18 de abril de 2021. A primeira avaliação foi cinco meses após a alta hospitalar, enquanto a segunda foi feita um ano após a saída do hospital.

No momento de apresentação dos resultados, 807 participantes (33%) já haviam completado o tempo de acompanhamento de um ano. O estudo segue em andamento.

Com esses pacientes, os pesquisadores puderam ver que um quarto deles (205, ou 25,4%) estava totalmente recuperado um ano após a alta hospitalar. A avaliação de recuperação consistia em relatos do paciente combinados à análise do desempenho físico e à função dos órgãos vitais.

Os pesquisadores também colheram amostras de sangue para avaliar a presença de proteínas inflamatórias --alguns estudos já demonstraram que a presença de anticorpos contra o próprio organismo ou de marcadores de inflamação podem estar relacionados à Covid longa.

De acordo com as avaliações, os sintomas mais persistentes após um ano da alta hospitalar eram fadiga (60,1%), dores musculares (54,6%), perda de mobilidade (52,9%), problemas para dormir (52,3%), falta de ar (51,4%), confusão mental (46,7%), dores no corpo (46,6%) e perda de memória (44,6%). Inchaço (47,6%) e fraqueza nos membros (41,9%) também foram reportados, mas esses eram menores do que na avaliação com cinco meses (49,1% e 47,6%, respectivamente).

De acordo com a pesquisa, a proporção de pacientes que disseram ter se recuperado totalmente não mudou significativamente entre a primeira avaliação, de cinco meses (25,5%), e a segunda, de um ano (28,9%).

Para tentar elucidar os mecanismos por trás da Covid longa, os autores dividiram os pacientes em quatro grupos de acordo com a gravidade das sequelas da Covid: o primeiro grupo apresentava deficiência física e mental muito grave (319 pacientes ou 20%); o segundo, uma deficiência física e mental grave (493 ou 11%); o terceiro, deficiência física moderada com comprometimento cognitivo (179 ou 11%); e o quarto, uma deficiência física e mental leve (645 ou 39%).

Comparados com o grupo de deficiência moderada, os pacientes com deficiência física e mental muito grave tinham uma maior proporção de mulheres e pessoas obesas, indicando os dois fatores como preditivos para não se recuperar totalmente após um ano.

"Em nossa análise, estes dois fatores [obesidade e sexo feminino] também estavam associados a uma deficiência de saúde contínua mais grave, incluindo o baixo desempenho em exercícios e na qualidade de vida após um ano, o elucidando que esses grupos podem precisar de intervenções a longo prazo, como reabilitação", diz o texto do artigo.

De acordo com os autores, a falta de medicamentos para tratar os efeitos da Covid longa ou de terapias específicas para tratar as sequelas apontam para uma necessidade de maior integração dos cuidados físicos e mentais.

"A gravidade e o comprometimento da saúde física e mental na Covid longa destaca a necessidade não apenas de uma estreita integração entre os cuidados com a saúde física e mental, incluindo avaliações e intervenções, mas também de trocas de conhecimento entre os profissionais da saúde para um melhor atendimento", dizem.

"Nosso estudo enfatiza a necessidade urgente de serviços de saúde que apoiem essa grande e crescente população de pacientes que sofrem um peso expressivo dos sintomas um ano após a alta, incluindo a redução na habilidade motora e qualidade de vida. Sem tratamentos eficazes, a Covid longa pode se tornar uma nova condição de saúde de longo prazo com alta prevalência na sociedade", concluem.



Publicado em Sun, 24 Apr 2022 17:54:00 -0300







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