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Alexandre Gama

Vencedor do Prêmio Esso 2003, categoria Interior. Trabalhou no Correio Popular, Diário da Região e CBN Grandes Lagos. Atualmente é jornalista concursado da Câmara de Rio Preto


Tempos modernos

Por: Alexandre Gama
18/09/2019 às 13:28
Alexandre Gama

Acervo digitalizado e recém-disponibilizado pelo Arquivo Público Municipal é uma das maravilhas de Rio Preto 

Todo rio-pretense, incluindo aí aqueles chamados forasteiros que adotaram a cidade como sua – meu caso –, têm obrigação de ao menos uma vez na vida acessar o que já pode ser considerado como uma das maravilhas de nossa cidade, que é o acervo digitalizado e recém-disponibilizado pelo Arquivo Público Municipal de todos os jornais que circularam por aqui desde 1903 – que é a primeira edição de nosso primeiro jornal, o Porvir. O site pode ser acessado aqui – riopreto.sp.gov.br/arquivomunicipal

Mais do que uma viagem no tempo, o que temos ali é um exemplo de como a história insiste em se repetir, na maioria das vezes de maneira trágica. Diz ’O Porvir’ em sua primeira edição, estampado em sua capa: "Nesta época de qual indiferença e de pessimismo inveterado – a iniciativa individual é que foi partilhado o dever dos empreendimentos incertos. Só ela (iniciativa individual) pode enfrentar o espantalho da descrença que a tudo invadindo e dominando, sobrepor-se ao sorriso da dúvida, ao desânimo, ao torpor latente. Mas nem por ser uma época menos propicia às empresas jornalísticas e habitar um meio que a rotina e o costume consagraram impróprio a ’tentamens’ desta natureza, se apresenta desfalecido o nosso pequeno O Porvir, ou apavorado com as dificuldades a vencer”.

Desde que as linhas acima foram estampadas na capa de nosso primeiro jornal, lá se vão 116 anos. Mas ainda vivemos – ou voltamos a viver - "numa época de indiferença e pessimismo”, cercada pelo "espantalho da descrença”, que a tudo está "invadindo e dominando”, em "meio ao desânimo”, ao "torpor latente”. Uma época "menos propícia às empresas jornalísticas”, tidas atualmente como espécie de vilãs da sociedade, meios a serem combatidos por aqueles que se apegam ao obscurantismo e à ignorância, apesar dos fatos e evidências.

Obscurantismo que chega a tal ponto em que muita gente, com base em meras opiniões pessoais, questione achados científicos consagrados pela humanidade ao longo de sua existência  – como o fato inequívoco de que a Terra é redonda. Que tempos modernos são esses em que veículos de imprensa precisam dedicar minutos da sua programação mais nobre para explicar e mostrar como e porque a Terra é redonda?

Ou então que opiniões baseadas em achismos, descrenças e desqualificações se sobreponham ao ordenamento lógico da ciência, métodos consagrados pela epistemologia. Na sua coluna semanal na rádio CBN, o professor Mário Sérgio Cortella resumiu com maestria esses tempos loucos que atravessamos. "Faz-se ciência com fatos, assim como se faz uma casa com pedras. Mas a acumulação de fatos não é ciência; assim como um montão de pedras não é uma casa.” Mais do que nunca, é tempo de conhecimento.






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