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Denise Tremura

Escritora e influencer digital


As consequências da polarização política

Por: Denise Tremura
05/09/2019 às 10:09
Denise Tremura

Há alguns anos, não discutíamos política. Quando perguntados, se perguntados, dizíamos nosso candidato e logo o assunto mudava, vida seguia. Hoje, a política está presente no dia a dia do povo brasileiro como nunca. Todo mundo foi obrigado a escolher um lado no jogo político: ou a esquerda, chamada de comunista, ou a direita, chamada de fascista. E quem não escolheu e ficou em cima do muro é chamado de isentão. 

A antes inércia do povo brasileiro com relação aos seus representantes políticos deu lugar a uma paixão exacerbada: a disputa pelo poder público virou uma espécie de torcida insana por time de futebol, o meu é melhor que o seu e pronto, acabou. Relações ficaram estremecidas, amizades foram desfeitas, festas foram canceladas. Quem não teve seu Natal em família azedado pelo pleito do ano passado que atire o primeiro peru. O povo levou a disputa política pro lado pessoal. Não gosta do meu político? Não gosto de você. Estamos brigando por causa dos candidatos quando eles que deveriam estar brigando por nossa causa. 

A discussão é importante. Essencial, eu diria. A falta do debate nos trouxe à situação atual, em que um representante da extrema-direita de postura duvidosa e que flerta com o autoritarismo chegou ao poder. Com um discurso anticorrupção que não se cumpriu (demissão de delegados e destinação de verbas para aprovação de emendas), Bolsonaro tem se mostrado um governante bem sofrível, perdendo apoio da população que o elegeu e colocando o Brasil em constantes saias justas diplomáticas, com declarações que mostram claramente seu despreparo em lidar com o cargo e apostando todas as suas fichas no ovo ainda na cloaca na galinha norte-americana, que pode nem ser chocado, caso o presidente Donald Trump não se reeleja em 2020. 

Devemos, porém, parar um pouco com a gritaria que se tornou o debate político nas redes sociais e começar a dialogar. Todo mundo berra e ninguém se ouve. Parar de idolatrar políticos e começar a cobrar atitudes melhores deles, com relação à saúde, educação, meio-ambiente, já é um bom começo. Ouvir os dois lados. Saber o que pensa aquele seu amigo esquerdalha. Tentar entender a cabeça do seu amigo fascistinha. Parar de chamar as pessoas de gado e esquerdopata. 

Tá na hora do brasileiro se unir de novo e entender que nem todo apoiador da esquerda é comunista e apoia Cuba e Venezuela. E nem todo direitista é fascista, racista e homofóbico. Vamos combinar que todo mundo aqui quer um Brasil melhor, que pensar diferente não nos faz inimigos e que os dois lados têm coisas legais e pontos a ser melhorados. 

Não vamos permitir que os políticos incentivem o ódio entre a gente, provocar a desunião é parte de um projeto de poder. Unidos somos mais fortes e com conscientização política seremos capazes de escolher representantes bem melhores que os atuais. Mas para isso precisamos cada um de nós dar um primeiro passo rumo ao fim da guerra política, seja nas redes sociais, seja nos almoços de família. Afinal, todo mundo é capaz de expor o seu ponto de vista sem ofender seu opositor.






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