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Dom Tomé Ferreira da Silva

Bispo diocesano de Rio Preto


Narrativas

Por: Dom Tomé Ferreira da Silva
27/08/2019 às 10:44
Dom Tomé Ferreira da Silva

A palavra "narrativa” está na moda.  A construção e a divulgação de narrativas permeiam o universo da comunicação, interferindo intensivamente na realidade. O "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa” afirma que narrativa "é a exposição de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados, reais ou imaginários, por meio de palavras ou de imagens”. 

Seria simples se toda palavra estivesse necessariamente vinculada a um objeto ou fato, ou se fosse usada para expô-los ou comentá-los, mas não é assim. A palavra, e também a imagem, possui um poder próprio, também capaz de criar "realidades” fictícias e, enquanto tal, pode transformar-se num instrumento que edifica ou desconstrói.

Outras vezes, os comentários e interpretações elaboradas se distanciam das coisas e fatos e tornam-se "realidades”, sobrepondo-se ou assumindo o lugar das coisas e fatos originários. Troca-se a realidade por interpretações da mesma. "Suprime-se” a realidade e cria-se outra, que acaba por ser assumida como verdade, mas que de fato não o é.
No Brasil, vivemos um momento, na esfera privada, social e pública, em que a proliferação de narrativas está criando uma situação caótica e de difícil resolução no presente e para o futuro. Os governos e as instituições públicas, as organizações sociais, organismos religiosos, as autoridades de todo tipo e pessoas que ocupam funções públicas se encontram na "berlinda”. 

A potencialização das narrativas, através dos meios de comunicação social, de todo tipo, amplifica indefinidamente o bem ou o mal que elas provocam nas pessoas, nas instituições e na sociedade. O Brasil vive um tempo de profunda "ansiedade” e inquietação, que gera insegurança para o cidadão, afeta o equilíbrio dos poderes instituídos, solapa as instituições civis e, por meio da dúvida, gera a instabilidade generalizada. 

Somos responsáveis pelo que somos e fazemos, também pelas narrativas que construímos e divulgamos. A ética, iluminada pela verdade, honestidade e integridade, deve emoldurar nosso ser e nossa ação. A supressão da ética é o começo do fim, a antecipação do caos. 

Em tempos tão difíceis para o Brasil, é preciso exercitar o discernimento, não dar crédito a algo simplesmente porque foi publicado; mas averiguar com acuidade a veracidade dos fatos, procurar compreender os comentários e interpretações, e somente reter o que não se encontra em dissonância com a verdade, a honestidade e a integridade. Assim, forme sua própria convicção e não se deixe levar como "Maria vai com as outras”, segundo o ditado popular.

O Brasil precisa de você, de mim, de nós. Façamos a nossa parte!






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