Estamos ainda em Março, mês que temos que fazer (mais) referência às mulheres, lembrando que, no que diz respeito à condução de veículos, é inquestionável o reconhecimento de que as mulheres são mais responsáveis e se comportam melhor que os homens.
O Presidente da Abramet, Associação Brasileira de Medicina do
Tráfego, Antonio Meira Junior, disse recentemente que "a mulher é mais
cuidadosa no trânsito, mais atenta aos limites de velocidade e mais prudente na
direção. Essa postura contribui decisivamente para a prevenção de sinistros e
deveria ser adotada por todas as pessoas”. No começo deste ano, elas eram
mais de 27 milhões de motoristas no Brasil, donas de pouco mais de um terço das
CNHs, quase 7 milhões delas pilotam motos (Fonte: Senatran - Secretaria
Nacional de Trânsito). O setor de transportes conta com cerca de 2,2 milhões de
profissionais, sendo 17% do sexo feminino. Nesse sentido, destaca-se que a
maior parte das mulheres possui entre 30 e 39 anos e ensino médio completo
(Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - MTE).
De acordo com a especialista em Direito de Trânsito, Mércia Gomes,
o transporte rodoviário de cargas caminha na direção do crescimento. Para ela,
já é visível a participação de mulheres nos negócios. "Atualmente é clara a
participação e escolha por mulheres quanto ao transporte numa empresa do setor
de entregas. Isso se justifica ao comprometimento das mulheres que na grande
maioria são mães, esposas e querem retornar ao seu lar para os compromissos com
os filhos, entre outros. Tem sido de tamanha grandeza a qualidade na entrega,
pontualidade e manutenção dos produtos sem qualquer desfazimento”, ressalta.
O projeto Habilitação Profissional para o Transporte – Inserção de Novos
Motoristas, do Sest/Senat (Serviço Social do
Transporte / Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), registrou a
participação de 2.311 mulheres entre 2015 e 2019. O curso tem por objetivo
inserir motoristas profissionais no mercado por meio da mudança da categoria da
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para C, D ou E (profissionais, que
exercem atividade remunerada). Além disso, em 5 anos, a demanda feminina
cresceu 60,4% nos cursos voltados para o transporte de passageiros, de produtos
perigosos e de transporte escolar da instituição. Para se ter uma ideia, em
2018, por exemplo, os cursos mais procurados pelas mulheres foram "Cuidados
Especiais no Transporte de Escolares”, "Custos Operacionais do Transporte de
Cargas” e "A Precificação no Transporte Rodoviário de Cargas”. Pensando neste
crescente mercado potencial das mulheres, instituições financeiras já começam a
oferecer crédito diferenciado para empresas lideradas por elas, assim como,
durante a pandemia, houve um aumento significativo de mulheres trabalhando como
motoristas de aplicativo.
Na questão da Gestão, lideranças femininas estão crescendo e
ganhando cada vez mais destaque mesmo que lentamente. De acordo com J. Pedro
Corrêa, Consultor Especialista em Trânsito, o antigo Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito), substituído agora pela Senatran (Secretaria Nacional de
Trânsito), teve, em toda sua história de 55 anos, apenas uma diretora mulher, a
arquiteta Rosa Cunha, do Pará, que ficou no posto alguns meses, em 2002, sendo
substituída por outra mulher, Rita Cunha, que ocupou o cargo até a chegada de
Ailton Brasiliense, no começo de 2003, já na gestão Lula. Nos conselhos
estaduais de trânsito, Cetrans, temos 5 mulheres no comando (Acre, Amapá,
Bahia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais).
É a força e o crescimento das mulheres num mercado muito
masculinizado. Nosso respeito à todas elas.