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Marcos Sigrist

Instrutor de Trânsito e Treinamento/Perito - Pós-Graduado em Gestão de Trânsito - Membro da ABNT - Conselheiro Inst. Zero Mortes para Segurança em Transportes


Formação de Novos Motoristas

Por: Marcos Sigrist
10/03/2022 às 09:23
Trânsito

Muito se discute sobre a formação de novos motoristas, aqueles que vão conquistar sua primeira CNH. Sim, ter uma CNH é uma conquista.

Sim, ter uma CNH é uma conquista. É na  condução de um veículo diariamente, aplicando os fundamentos que se aprendeu durante as aulas no processo de formação que vai se condicionando à rotina do trânsito e que gera a prática, a perícia, a habilidade para saber tomar decisões seguras no trânsito. Mas, para isso, é necessário que os fundamentos para dirigir tenham sido construídos de forma significativa e preventiva para o futuro condutor. Adestramento não é aprendizagem, é condicionamento. O adestramento reproduz formas equivocadas de ensinar, como a "tremidinha”, as marcações coloridas no veículo, as receitas prontas de baliza e as tais contagens de voltinhas no volante, "estratégias” que não contribuem para a aprendizagem do ato de dirigir. Se antes não se resolver a questão pedagógica da formação de instrutores e de condutores com seriedade continuarão adestrando e não ensinando na condução de um veículo.

Em tempo, tremidinha é o ponto mais alto da embreagem, o ponto em que o carro "avisa que vai morrer”, o aluno levanta o pé da embreagem e o carro dispara sem controle. As contagens de voltinhas no volante é quando o candidato não constrói a relação entre movimento de voltas completas no volante, posição das rodas e de partes do veículo e muitos, diante do nervosismo típico do momento, se perde nas contagens das tais voltinhas e mesmo tendo mais duas chances para tentar consertar a manobra da baliza geralmente não consegue porque não aprendeu, apenas memorizou, foi adestrado.

O modo como os alunos dirigem diz muito sobre o modo como seus instrutores os ensinam, diz muito sobre o modo como os instrutores foram formados, e diz muito sobre a seriedade como o país trata e faz o processo de formação. Não podemos fechar os olhos para o fato de que todos somos responsáveis por milhares de mortes e sequelados no trânsito brasileiro, nem entre a enorme diferença do motorista que o trânsito brasileiro espera e o motorista que chega às ruas precisa ser superado. A sociedade precisa ser protegida, é preciso superar a má qualidade do processo de formação de condutor e o flagrante despreparo de nossos motoristas passa por uma remodelação da metodologia utilizada, reconhecidamente obsoleta.

A educação para o trânsito é uma das formas de combater essas síndromes introduzidas pelos motoristas ao longo do tempo, e ela não se ensina, mas se pratica com ações e reflexões acerca da realidade do cotidiano. É necessária uma educação na escola, desde o ensino fundamental, para que o contato com a realidade do trânsito seja praticado desde os anos iniciais do processo de formação do aluno. As síndromes de trânsito são infrações que foram "ensinadas” para não cometerem quando da obtenção da CNH, portanto o tema trânsito não deve ser ensinado, nem tão pouco apreendido apenas através de regras e normas de conduta, mas sim, com muitas reflexões e ações que promovam um ambiente mais educado, mais ético e mais respeitoso. E isto serve para todos nós, os "novos” e os "velhos” motoristas pois estamos sempre em constante formação.



 






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