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Marcos Sigrist

Instrutor de Trânsito e Treinamento/Perito - Pós-Graduado em Gestão de Trânsito - Membro da ABNT - Conselheiro Inst. Zero Mortes para Segurança em Transportes


O trânsito e as redes sociais

Por: Marcos Sigrist
11/02/2022 às 10:55
Trânsito

O que há em comum entre trânsito e redes sociais para além daqueles que dirigem online no celular e offline no trânsito? 

São terrenos diferentes o território da internet, das redes sociais, das páginas de comentários, e o território das vias terrestres abertas à circulação regidas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Mas, uma coisa se vê em comum por parte de muitos: a intolerância, a arrogância, o desrespeito e a agressividade. Isso faz com que, seja pelo que lemos nas redes sociais, seja pelo que testemunhamos no trânsito nosso de cada dia, sinceramente, nos cause certo medo da raça humana. Estamos atingindo e vivenciando níveis de agressividade e violência gratuita como nunca se viu antes.

No trânsito são as "fechadas”, as buzinadas e um palavrão. É a pressa de quem se "acha” no direito de exclusividade em via pública, no direito de acelerar mais que os outros, no direito de agredir quem não dá a vez para "Vossa Majestade” passar, e de tantas outras obrigações editadas pela lei pessoal de cada um e que ignora as leis oficiais vigentes.

Considerando que somos dentro do carro o que somos na vida; que ao dirigir refletimos e extravasamos o nosso estado de espírito, de ânimo, de humor e até a nossa agressividade e educação, não fica difícil tentar compreender o comportamento, a agressividade das pessoas no trânsito, o que causa acidentes e o que consegue piorar as coisas e evolui para feridos e até mortos em brigas de trânsito. Se as pessoas já são capazes de brigar, agredir, ofender e até incitar o ódio e a violência em postagens em redes sociais, se conseguem pregar e fazer a violência pelas palavras, imaginem no trânsito, um espaço permeado de agentes estressores.

O século 21 veio carregado de inovações, de mudanças rápidas, de novidades tecnológicas, de celulares de última geração em que se faz de tudo com eles, até ligação telefônica. As pessoas estão perdendo a humanidade, estão mais individualistas, egoístas, mais agressivas, valorizam mais o ter do que o ser e basta um olhar atravessado para que se meçam, se agridam gratuitamente e se ataquem com muito mais adrenalina do que qualquer animal de rinha. Seja pelas redes sociais, atrás da telinha do computador ou do Smartphone. Virtudes próprias do ser humano como o respeito ao outro, a tolerância, a educação e a própria humanidade estão cada vez mais em falta. Seja naquela que atropela e sai carregando o corpo em cima do capô, no parabrisas ou arrastando pelo asfalto, seja por aqueles que pregam toda a forma de violência, intolerância, xenofobia, racismo e agressões gratuitas pelas redes sociais. É por essas e outras que a questão da violência no trânsito está para muito além das infrações, autuações e pontos na carteira ou da explicação simples e linear de que a violência no trânsito é feita e pode ser explicada somente pelos comportamentos de quem infringe algum tipo de lei de trânsito.

O trânsito é um fenômeno social interligado com essas e outras variáveis além das mencionadas até aqui. Trânsito é comportamento, tem relação direta com humores, com traços de personalidade, com a agressividade, a visão de mundo, a formação, o modo de agir, de pensar e até o modo de exercer a própria existência no mundo.

Violência no trânsito é um fator social que precisa ser tratado e compreendido em sua complexidade não só pelos psicólogos, os sociólogos e outros especialistas. Mas, por cada um de nós. Quem sabe, este enfoque ajude a muitos a compreenderem o modo como estão dirigindo as suas vidas e os seus veículos, e de que forma isto afeta à todos como um todo.

Fonte: Artigo de Márcia Pontes, Educadora de Trânsito em Blumenau (SC) - www.portaldotransito.com.br







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