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Azor Lopes da Silva Júnior

Advogado, professor universitário e jornalista


CUMÉ QUI É? "OU FAZEMOS ELEIÇÕES LIMPAS NO BRASIL, OU NÃO TEREMOS ELEIÇÕES”

Por: Azor Lopes da Silva Júnior
12/07/2021 às 18:50
Azor Lopes da Silva Júnior

Como se diria no português coloquial: Cumé qui é?.

Somos uma nação que mais parece se assemelhar àquelas sob tutela; a título histórico, jurídico e, aqui, meramente lúdico e retórico, vale explicar que o chamado Sistema Internacional de Tutela é um algo regrado pelo Direito Internacional, especificamente nos artigos 75 a 85 da Carta das Nações Unidas, de 12 de setembro de 1945, e ratificada pelo Brasil por força do Decreto nº 19.841, de 22 de outubro de 1945, que tem por objetivo amparar um processo de transição para o atingimento da almejada soberania nacional, naqueles territórios  – as então colônias – enquanto ainda considerados incapazes de empreender diretamente sua administração autônoma, base de um princípio maior, que é a autodeterminação dos povos.

Mas novamente, Cumé qui é?...

Todos sabemos que nossa transição, da monarquia para a República em 1889, se deu por uma série de fatores reais do poder – como diria o filósofo francês Ferdinand Lassale – mas, certamente, não pela expressão do poder popular; também vimos, ao longo dessa nossa história republicana, surgirem o populismo e as figuras míticas de Salvadores da Pátria Amada, Brasil; assim vieram tantos.

Getúlio Vargas – o dono de uma Era – que possivelmente se findaria com o primeiro processo de Impeachement votado nessa nossa história, no dia 16 de junho de 1954, cuja Presidência não chegaria ao fim, mas não por essa via, senão por conta de seu suicídio, em 23 de agosto de 1954, deixando-nos uma carta testamento em que dizia: Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Mais tarde, viria o Homem da Vassourinha (Jânio Quadros) que, em 25 de agosto de 1961, renunciaria à Presidência da República, deixando suas lamúrias numa carta que, entre tantas, traria essas palavras: Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Com a abertura política, no pós Revolução ou Ditadura (escolha-se o que soar mais verdadeiro), o plácido mineirinho, ex-Ministro da Justiça de Getúlio, e um dos líderes das Diretas Já de 1983, Tancredo Neves, é ironicamente eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985, adoece um dia antes da posse e morre, em 21 de abril daquele ano, deixando a Presidência da República nas mãos do maranhense José Sarney, legante da hiperinflação, do, que preparou os caminhos para a eleição de nosso então Caçador de Marajás, o alagoano Fernando Collor, ironicamente afastado do poder sob acusação de corrupção, em conluio com seu tesoureiro de campanha PC Farias, não sem antes sequestrar as cadernetas de poupança e contas bancárias dos brasileiros e brasileiras (opa, Brasileiros e brasileiras era bordão do Sarney); PC Farias já não está entre nós, mas Fernando Collor ainda habita o Congresso Nacional, como nosso Senador da República, eleito democraticamente pelo povo alagoano...

Surge, então, Itamar – o Homem do Fusquinha – que de vice vira Presidente e, não havendo possibilidade constitucional de reeleição, passa a Presidência para seu ex-Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (o Homem do Plano Real), culto sociólogo e professor de orientação marxista, outrora autoexilado na Cidade Luz europeia e, mais tarde Deputado Constituinte, que somente deixaria o poder, depois de desvalorizar a moeda, em troco de uma Emenda Constitucional nº 16, de 1997, que possibilitaria sua própria reeleição; logo em seguida, assume o sindicalista Lula.

Lula, cinematograficamente O Filho do Brasil, na esteira dos antecessores populistas, mas fundador da agremiação, que de sindicato se transforma na única agremiação com identidade partidária no país, mesmo sendo alvo de denúncias jamais confessadas, sobre um esquema de corrupção chamado mensalão, se reelege e ainda a todos enebria, passando o poder para a Ilustre Desconhecida Dilma Rousseff, reeleita apesar de suas verborragias disléxicas, que estimulariam o mercado do anedotário nacional, até que sofre Impeachement, depois de ver seu quase Ministro da Casa Civil (olha o Lula aí de novo gente...) ser mais um dos tantos petistas preso, também por corrupção, mas, agora, não uma corrupçãozinha, senão o maior esquema de corrupção da história brasileira (até o momento...).

Cansado daquelas lideranças pregadoras do politicamente correto e do politicamente corrupto, surge para esse povo um novo Mito; um Messias que, mesmo não vindo de Nazaré, mas de Glicério e cultivado na Câmara Municipal da Cidade Maravilhosa, que, como se fosse um bom mineirinho, passa despercebidamente pelos donos do poder e é eleito em 2018.

Por óbvio, nosso Messias não teria o poder de seu xará – único capaz de aplacar a pandemia ou transformar moléculas dispersas em imunizante ao seu povo escolhido – mas, ao modo Dilma Rousseff, esse Mito se notabilizaria por um novo estilo verborrágico e arrastaria multidões (talvez as mesmas que em 2013 foram às ruas brasileiras em busca de um novo salvador), aliciaria um outro salvador – O Juiz da Lava Jato – Sérgio Moro, que não tarda a perder a confiança, o cargo, o Ministério e a fama, deixando num desquite que os filhos desacorçoados (Quem teria a guarda dos fedelhos comuns? Ficariam com papai ou com mamãe? Afinal, quem teria traído quem?).

Enquanto isso, no teatro da Jurisprudentia Brasilis, um novo ato da mesma peça anunciava a liberdade e elegibilidade reconquistadas pelo Filho do Brasil...

Agora Messias, profetiza: Ou fazemos eleições limpas no Brasil, ou não teremos eleições.

Cumé qui é?...

Será que a obsessão populista contra um sistema eleitoral eletrônico, desenvolvido pela empresa nacional OMNITECH Serviços em Tecnologia e Marketing, entre 1995 e 1996, com a participação do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, fará do Mito Democrata romper com a Constituição da República ou será mais uma das piadas de quem jamais se percebeu senão no palanque eleitoral?

Fico a me perguntar: não seria melhor, àquele que sempre se postou contra a reeleição, focar sua artilharia nisso ao invés de disparar contra o voto eletrônico e a democracia, ainda que uma democracia sob eterna tutela?

Vimos quando, por que e a que preço, o Homem do Plano Real alterou a Constituição da República Federativa do Brasil, para adotarmos essa excrescência, que é a possibilidade de reeleição, um algo capaz de fazer um primeiro dia de um primeiro mandato se transformar no primeiro dia de uma nova campanha, inevitavelmente marcada por acordos e acertos, num comprometido presidencialismo de coalizão...

Cumé qui é? Será que ouvimos e entendemos mal quando, na verdade, o profeta teria dito: Ou fazemos eleições limpas no Brasil, ou não teremos REeleições.

Pátria amada, Brasil!






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