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Marcelo Gomes

Graduado em Ciências Sociais e Mestrado em Sociologia pela FCL-UNESP é Doutor em Sociologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP.


Um vírus político

Por: Marcelo Gomes
19/03/2021 às 14:53
Sociologia e Filosofia

O ano de 2019 começou mal, mas acabou pior ainda. Isso é verdade para muitas pessoas no mundo e tanto mais para nós brasileiros

Um vírus letal aparecia e se instalava. Não se tratava de um vírus novo, mas muitos acreditaram que era. Sua letalidade já era conhecida dos especialistas, mas a maioria da população ainda ignorava os efeitos dessa velha/nova desgraça.

Como todos os vírus, este é uma espécie de parasita que invade, infecta e utiliza-se do organismo para se reproduzir e garantir a vida de suas cópias. O que esse parasita quer é se perpetuar não importa a que preço, incluindo aí a morte do organismo se preciso for. Seu hospedeiro adoece e toda a vitalidade se esvai. As reservas do corpo adoecido são dissipadas e nesse território uma luta mortal se trava entre as células saudáveis e as cópias do vírus, seus sequazes. O corpo e seus órgãos tentam combater de todo modo a proliferação dessa doença, mas o vírus conta com uma vantagem a seu favor. Algumas células são pegas de surpresa e um código é inserido em seu interior. Nesse momento, sem querer, a célula cessa sua própria reprodução para reproduzir o código introjetado, replicando assim o mal. Essa célula adoece e afeta suas vizinhas e irmãs. Em pouco tempo o organismo está tomado. Seu corpo inerte e prostrado se entrega no leito.

Como o organismo chegou a tal estado? A resposta é: um vacilo, um descuido. Basta um minuto de bobeira e todo o estrago prometido se cumpre. Uma conversa de elevador, uma troca de ideias com o vizinho, uma mensagem contaminada no celular ou um simples aperto de um botão sujo num domingo e pronto! A inconsequência de um minuto prejudica um organismo inteiro por tempo indeterminado. Dizem que uma parte dos doentes acaba apresentando alguns sintomas sistêmicos. Outra parte adquiri um visual macilento ou ainda podem apresentar tons amarelados e até esverdeados.

Algumas pessoas buscam desesperadamente por panaceias ou garrafadas, mas em geral o vírus leva vantagem, porque sua única vulnerabilidade é a vacina. Vacina que é uma espécie de conhecimento prévio do patógeno feito pelo organismo para reconhecer antecipadamente o elemento infectante e impedir que o vírus se instale e se propague desenfreadamente. Não havendo vacina ou na absurda hipótese de voluntariamente não querê-la, pode-se buscar outros meios e remédios, mas não é fácil. O vírus, esse parasita deletério, tem suas armas. E como tem armas! Enquanto dura a pandemia uma seleção natural ou artificial garante ao vírus a busca e o desenvolvimento de novas armas. E ele se arma cada vez mais, porque, como dissemos, o que o vírus quer é se reproduzir nem que para isso leve a todos para a vala. Na presença do vírus, hospitais entram em colapso, escolas fecham e até a democracia pode ter o mesmo trágico fim. O vírus coloca em risco a humanidade como um todo. Sua ação é devastadora.

E de onde parte tanta tragédia? Richard Dawkins tem a resposta no seu famoso e célebre livro de décadas atrás (mas Robert Hare também não o teria?). É o Gene Egoísta na ânsia de se perpetuar. E nessa ânsia, pelotões e destacamentos destes parasitas garantem esse parasitismo até que a morte deles nos separe. Podemos combater como de fato já combatemos tantos outros vírus e pandemias na história, mas não é fácil. É uma luta árdua que exige medidas drásticas. E mesmo que o organismo se livre desse elemento infeccioso podem ainda restar as sequelas por longo tempo. Por isso, combater esse vírus é dever de todos nós para a preservação de nossa saúde e da saúde de nosso país. Já cansamos de contar nossos mortos e todo este mal se tornou insuportável. É preciso dar um basta!

Só uma dúvida ainda paira... esse é um artigo que versa sobre epidemiologia ou sobre política brasileira? 






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