Rio Preto: referência no campo das pesquisas em torno da Segurança Pública
Por: Azor Lopes da Silva Júnior
13/07/2020 às 15:06
Azor Lopes da Silva Júnior
Seja por ufanismo, seja por saudável orgulho da terra, é bom que saibamos que nossa Rio Preto é referência nacional em algumas inovações científicas no campo da Segurança Pública.
Aqui nasceram projetos audaciosos de simplificação da atividade policial com foco na melhoria contínua da prevenção e da repressão criminal qualificada (por isso em 2009 fomos protagonistas no cenário nacional na 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública); também foi aqui que nasceu a causa de o Tribunal de Justiça de São Paulo ter esse tema discutido e referendado pelo Supremo Tribunal Federal (ADI nº 2862-SP, icônica em todo o sistema brasileiro de Segurança Pública); também aqui nasceu um sistema institucionalmente estruturado de Mediação Comunitária que, encampado pelo Tribunal de Justiça paulista, evoluiu para o convênio dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCS) com "Núcleos de Mediação Comunitária”. Podemos dizer de peito cheio: Rio Preto é revolucionária!!!
Bem por isso, agora tive por oportuno e conveniente compartilhar o texto abaixo aos nossos leitores DLNews; ele é nosso discurso na abertura do Congresso "Covid-19 e os momentos disruptivos na Segurança Pública”, promovido pela Academia de Polícia do Estado de Goiás com o apoio da Polícia de Segurança Pública de Portugal, da Escola Superior da Polícia Civil de Goiás, da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás, da Superintendência de Polícia Técnico-científica de Goiás, da Universidade Federal de Goiás, da Revista Brasileira de Estudos de Segurança Pública (REBESP) e do Instituto Brasileiro de Segurança Pública (cuja sede nacional também é em Rio Preto: https://ibsp.org.br).
"A pandemia, que eclodiu em 2019 do outro lado do mundo, mostrou ao ocidente como são frágeis as instituições. Essa afirmação vale tanto para aquelas nações – antigos impérios do velho mundo dominantes ao longo de quatro séculos – quanto às do novo mundo, sobreviventes das Grandes Guerras, dentre elas uma imperial, outras tantas ainda do terceiro mundo (‘emergentes’ por eufemismo). Os Estados Unidos se viram afundar no início desta segunda década deste nosso século entre cadáveres e disputas ideológicas; a América ‘emergente’ sucumbiu na mesma toada ao COVID-19 e aos conflitos ideológicos que se alimentam de uma nova ‘Guerra Cultural’, que é a versão grotesca da superada ‘Guerra Fria’.
É nesse cenário que as forças de segurança são chamadas para tentar preservar a ordem pública, num teatro onde – acima dela – a ordem jurídica sofre disrupções mais gravíssimas até; doutra banda, na luta contra um vírus mortal – o que se viu até agora e ainda se vê – é uma irracional disputa contagiando até mesmo os cientistas que deveriam se recolher aos laboratórios em busca da cura, para seduzi-los aos espaços midiáticos onde a estúpida batalha ideológica fervilha.
No Brasil a Suprema Corte fere os princípios da colegialidade e da separação dos poderes, enquanto no Executivo a campanha eleitoral de 2018 ainda acontece; o Legislativo, que a tudo observa, canta como as sereias o canto do federalismo de coalizão. A ciência – ora a ‘ciência’ – que mais que qualquer outro sabe que, para descortinar os obscuros mundos da química e da biologia, se leva tempo e se tateia hipóteses num processo metodológico experimental, fere suas próprias regras éticas, quando uma banca anuncia curas milagrosas ao passo que a banca oposta lhe acusa de curandeirismo e charlatanismo.
Vale gritar que somente ‘cura e paz’ é o que levará à sobrevivência; o caminho para responder à doença e ao conflito social só pode ser com o equilíbrio e a razão; a paixão e a emoção direcionam ao caos e no caos somente os animais de rapina e carniceiros é que se banqueteiam (e até que a própria carniça acabe e também eles morram de inanição).
O tom da razão e da verdadeira ciência (isenta, metodológica e rigorosa) é o que o Instituto Brasileiro de Segurança Pública prega; porque, antes que tudo se transforme em caos, num mundo em que a ciência dê espaço às ideologias e a razão dê espaço à paixão, serão as forças de segurança que estarão na primeira trincheira física do conflito, para defender os filhos que se voltarão contra os pais e irmãos que se voltarão contra irmãos.
Bom seminário a todos! Goiânia, 14 de julho de 2020, Azor Lopes da Silva Júnior, Presidente do Instituto Brasileiro de Segurança Pública.”