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Eder Galavoti

Delegado de polícia e professor da academia de Polícia Civil de São Paulo, lateral direito e corintiano


Cabeça dura

Por: Eder Galavoti
31/03/2020 às 08:40
Eder Galavoti

Gerenciamento de crises é matéria obrigatória em qualquer curso de Operações Policiais Especiais. Quando uma força especial é acionada, certamente já temos uma situação extrema instalada. Caberá ao time e aos órgãos auxiliares, através de conhecimento, treinamento e recursos disponíveis, resolver a crise, apresentando resultado nem sempre desejado por todos, mas sim o que a doutrina define como a busca de um resultado aceitável. 

As estratégias quase sempre se baseiam em situações análogas já enfrentadas, sendo tudo adaptado para cada caso em concreto. A matéria acabou difundindo-se junto às escolas de polícia e das forças armadas e hoje, pelo menos a base teórica, já é ensinada nos cursos de formação. Esses ensinamentos tornaram-se rotina porque casos simples atendidos por policial de patrulha, como uma  briga de casal, podem se transformar num evento gravíssimo com inúmeras vítimas reféns, incêndio, explosão, etc. 

A qualidade principal desses profissionais é a dedicação, cooperatividade, motivação,  discrição, coragem e respeito às regras de hierarquia do conhecimento. Após esse singelo resumo sobre a matéria de GC gostaria de falar sobre esta ultima qualidade. Trata-se de obedecer quem tem mais experiência e saber, não importando idade, patente, parentesco etc. Resumindo, as tarefas são ordenadas e executadas, atendendo ordem de quem tem conhecimento para a causa. Para o chefe maior – se for leigo no tema - cabe apenas ser informado de todos os detalhes operados. 

Discorri tudo isso claro para uma comparação com o momento que estamos vivendo. Estamos diante de um problema gravíssimo, ou seja, uma Crise no sistema de saúde. Como manda a doutrina do GC, imediatamente devemos montar o "Gabinete de Crise”, designando aos componentes capazes as suas funções específicas. Parece-me que essa medida foi tomada  pela União e felizmente conta no seus quadros com gente gabaritada no segundo, terceiro e quarto escalão, todavia, tudo vai pelo ralo, quando o presidente quebra a "Hierarquia do Conhecimento” e desestabiliza o cenário. 

Sempre bom lembrar que Bolsonaro foi eleito com 55,13 % dos votos válidos e no primeiro turno contou com 46,03 %, ou seja, sempre teve como aliado metade do eleitorado brasileiro e naquele momento era uma das poucas novidades contra o lulapetismo.  Teve ele, nessa curta trajetória, tudo para se transformar num grande líder, até facada tomou e sobreviveu.  Confirma, entretanto, a tese de que nunca foi um bom militar porque mesmo criado na caserna não absorveu um pitaco dos ensinamentos aqui discorridos.  

Não se trata de aproveitar uma catástrofe para promoção política. A verdade é que essas coisas se misturam sim, afinal serão as medidas de políticas publicas de saúde e de economia que vão apresentar um resultado aceitável. O termo Crise, em tradução de idiomas orientais, confunde-se com oportunidade. 

A qualidade de líder emerge sempre nas situações mais críticas e penso que o presidente exclusivamente deixou de vez isto escapar-lhe das mãos e Mandeta que o diga. Nesta quarentena recomendo dois filmes do Mel Gibson que reproduzem histórias reais e focam em chefia e liderança: "Coração Valente” e "Fomos Heróis”. Que tal assistir um desses EM CASA presidente? 






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