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Coronel Helena

Diretora de Polícia Comunitária e de Direitos Humanos da PM


O que você pode fazer pelo Brasil

Por: Coronel Helena
19/08/2019 às 11:27
Coronel Helena

Mudar de país não é uma opção para a maioria e a polarização política só atrapalha.

"Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”.
Essa célebre frase proferida por John F. Kennedy, o 35º presidente dos Estados Unidos da América, em sua posse, no dia 20 de janeiro de 1961, semanas após sua histórica eleição, emocionou o país por sua grandiosidade.

Para além do discurso, tais palavras se traduziam como um chamamento à nação para o enfrentamento de uma complexa gama de questões sociais, políticas e econômicas. A guerra fria, marcada principalmente pela corrida espacial com a então União Soviética, havia deixado de lado, no governo que o antecedeu, diversas questões internas, como a busca por igualdade social e direitos civis.  No plano econômico, os Estados Unidos viviam um período de estagnação, após duas recessões no período de três anos. Apesar de inflação e taxas de juros baixas, o PIB americano havia crescido a uma média de apenas 2,2% no governo do presidente Dwight Eisenhower.

Ainda que nossos contextos históricos tragam mais diferenças do que semelhanças, os ideais de JFK são inspiradores e nos remetem a uma reflexão: afinal, o que eu posso fazer pelo Brasil? 

Em tempos difíceis não adianta buscar por soluções fáceis, mágicas e imediatas. Mudar de país não é uma opção para a maioria e a polarização política só atrapalha. A crise que nos assola foi progressiva, assentada em anos de má gestão, desvios de recursos, corrupção endêmica e descaso com a população e suas necessidades. O poço é fundo e qualquer governo, independente de ideologia, enfrentaria as mesmas dificuldades para afastar os elementos que determinaram nossa queda e preparar o país para um novo crescimento econômico, com equilíbrio das contas públicas e aumento da produtividade.

Existimos enquanto país, pátria e nação em razão de ocuparmos um território físico, de um Estado soberano, ao qual estamos vinculados por laços afetivos, históricos, culturais e valores comuns. Somos o povo, referido no primeiro artigo de nossa Constituição Federal e cada atitude individual importa. Quando somos parte de um problema, somos, obrigatoriamente, parte da solução.

Poderíamos começar reacendendo dentro de nós o amor e o orgulho de ser brasileiro, buscar identidade com a nossa história e reconhecer a relevância de cada etnia, homem e mulher para a construção do país que temos hoje, descontruindo preconceitos e verdades absolutas. A isso chamamos patriotismo.
As pequenas corrupções do dia a dia são a gênese dos grandes desvios. Temos que criar uma consciência política em que nosso voto não é negociável e enterrar de vez o conceito de "levar vantagem em tudo”. A isso chamamos honestidade. Não espalhe notícias falsas, não acuse sem provas, não externe seus preconceitos, não seja intolerante. A isso chamamos respeito. 

Reconhecer a importância do outro e contribuir para seu bem estar, talvez seja a maior e melhor das virtudes humanas e a isso chamamos solidariedade. Vale lembrar que o "outro” sou eu, é você, seus familiares, seus amigos, ou seja, todos nós, dependendo do contexto. E não se trata apenas de ajudar materialmente uns aos outros por meio de doações, mas sim de um gesto de reconciliação das práticas políticas atuais que desprezam totalmente as necessidades do povo em todas as esferas, em nome de um ganho desenfreado, que leva à corrupção e ao total esgarçamento do tecido social. Ser solidário é usar a política e o cargo que se ocupa, cada qual dentro de suas atribuições, para promover a segurança, a liberdade, o desenvolvimento, a igualdade, a justiça.

E há uma infinidade de grandes e pequenos gestos individuais que, somados, tem o potencial de melhorar sua vida, sua casa, seu bairro, sua cidade, seu país: obedeça as leis, eduque seus filhos, não estacione irregularmente, seja gentil com as pessoas, não peça para outro fazer seu trabalho escolar, não jogue lixo na rua. Cumpra com seus deveres, antes de exigir seus direitos. A isso chamamos cidadania. Todos nós temos escolhas. Não há nação desenvolvida que não tenha passado por grandes convulsões sociais. Se o país precisa de nós, temos que estar presentes.






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