Sobre políticos e eleições
Por: Wilson Guilherme
07/02/2020 às 09:22
Wilson Guilherme
2020 é ano eleitoral, período em que os animais políticos, isolados ou em grupos, se assanham e vão em busca de acasalamento.
Imaginem a revoada de candidatos a vereador (em Rio Preto são esperados mais de 500) buscando parceiros ou parceiras. Enfeitam-se com plumas falsamente coloridas para atrair partidos, lideranças de bairros, de olho no ninho mantido pelo povo, onde podem ficar chocando seus ovos durante quatro anos.
Pela longa convivência com a referida categoria, digo que político é otimista e vaidoso.
A questão da vaidade é resolvida com o Photoshop, desde que você não o conheça pessoalmente, pois muitos exageram na maquiagem, tornando-se duas figuras distintas, a real e aquela que está no santinho.
Quanto ao otimismo, o candidato a vereador começa dizendo que tem 2 mil votos; lá pra agosto descobre concorrentes dentro da família, da igreja, do clube e que o partido já tem os seus preferidos. Só vai restar a função de colono.
Se tiver além de 1 mil votos ainda pode ganhar no Executivo, um cargo de terceiro escalão como consolo.
Desde 1982, quando comecei a acompanhar profissionalmente a eleições de Rio Preto, ouço que a Câmara eleita é pior que a anterior. Os vereadores são escolhidos com o seu voto. É a Rio Preto que você quis ver representada. Democracia é depuração. Cabe a você limpar na urna aqueles que trabalharam para si e contra a cidade. Simples assim.
O político que se elege prefeito, por mais inteligente que seja, uma vez no poder constrói sua relação com os subordinados não pela competência deles, mas pela bajulação e oportunismo de dizer exatamente aquilo que o chefe quer ouvir:
- O senhor gostou do texto?
- Foi você que escreveu?
- Não, só negritei o seu nome, pra destacar, espero que seja do seu agrado.
Ou: "Andei pela cidade, chefe e não vi um buraco. O coeficiente de atrito dos pneus no asfalto é zero, nem chega a trepidar a correntinha do Pen Drive”.
Prefeito é cobrado no atacado; secretário, no varejo. O eleitor não votou em secretario, portanto cobra o prefeito, que por sua vez frita o secretário, troca-o por sangue novo pra sobreviver. Os vampiros têm vida longa na política, pois incompetente passa a ser quem o assessora ao cumprir ordens e executar projetos ditados por ele.
Político profissional não admite concorrente crescendo ao lado dele. Se a planta precisa se Sol, ele a coloca na sombra. Se precisa de sombra será colocada no Sol da tarde de Rio Preto pra esturricar. Desnecessário dizer que a tiririca é um caso à parte.
Definido o elenco interno de bajuladores, o político parte para ampliar a plateia de seu Maracanã imaginário.
Para agradá-lo diga que ele é um estadista, que sua administração é a que mais realizou na história da cidade, mas que aparece pouco na mídia. Se tivesse uma assessoria de comunicação melhor poderia postular cargos a sua altura, como o governador.
Quatro anos passam rápido. Eis que chega a hora de mostrar quem tem café no bule. A legislação eleitoral permite a reeleição: quem não concorre passa recibo antecipado de incompetência. Administradores bem avaliados vencem no primeiro turno, quando parte pra segundo tentativa.
Uns seguem para o front com exército próprio, outros com batalhão de mercenários que, por natureza, podem mudar de trincheira até às vésperas das eleições alegando falta de munição. Vitória é comemoração! Derrota é explicação!
E há também o político gangorrão: quando senta, todo mundo se levanta. Cada vez mais isolado, mesmo sozinho ele está sempre mal acompanhado.