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Heitor Mazzoco

Jornalista


Obrigado, Luiz Octavio

Por: Heitor Mazzoco
16/01/2020 às 10:23
Heitor Mazzoco

O jornalista Luiz Octavio de Lima morreu na noite desta quarta-feira (15) por complicações após um AVC. 

Carioca, ele estava há cerca de 30 anos em São Paulo. Trabalhou em diversos veículos de comunicação, como O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão. 

Seu legado fica nas livrarias físicas e digitais. Ele é autor de "Pimenta Neves – uma reportagem”, "Guerra do Paraguai”, "21 grandes batalhes que mudaram o Brasil” e "1932 - São Paulo em chamas”. Destas publicações, as três últimas você encontra em qualquer boa livraria de qualquer cidade. São raridades, eu garanto.  O primeiro livro, já mais antigo, é mais difícil de encontrar. Mas também vale a leitura. 

Na última vez que conversamos, ele me falou sobre o livro que escrevia sobre a Ditadura Militar no Brasil. Contou alguns detalhes, inclusive, sobre entrevistados que participaram de um dos momentos mais tristes do País – do lado sujo. 

No começo deste ano, Luiz Octavio mostrou que estava prestes a finalizá-lo e já em ritmo da próxima publicação. 

"Amigos, um feliz ano novo a todos. Apesar da temporada festiva, estou em ritmo de finalização de trabalhos, o primeiro dos quais deve sair em algumas semanas – Os Anos de Chumbo (Planeta) –, cobrindo o período de Jânio a Tancredo/Sarney no país, entre outros aspectos com depoimentos de quem viveu aquele tempo sob as mais diversas perspectivas. Para outro projeto, sobre bairros de São Paulo, precisaria de uma ajuda fundamental: se souberem de pessoas que nasceram e passaram a vida no mesmo local da cidade e têm um bom testemunho a dar, por favor passem-me o contato inbox. A ideia é produzir um comentário curto, de dois parágrafos pequenos, de cada uma dessas pessoas falando de como era a vida no seu lugar (ex. Bom Retiro, Liberdade, Lapa, Pinheiros, Mooca...) e o que mudou (se mudou). Agradeço muito pela colaboração. Abraços!”, postou no Facebook às 9h33 de 2 de janeiro último. 

Espero, claro, que este último livro sobre a Ditadura seja publicado. 

Nos encontramos em meados de 2019, estávamos na livraria Martins Fontes, na avenida Paulista, no lançamento do livro "Contrapontos – uma biografia de Augusto Licks”, de Fabricio Mazocco e Silvia Remaso. 

Achei nobre o fato de um jornalista tão importante ficar na fila para receber um autógrafo de Licks, Mazocco e Remaso. Poderia dar uma escapada e passar na frente de todos. Mas ficou cerca de uma hora na fila sem demonstrar irritação. Lembro-me que contei ao meu primo Fabricio Mazocco que Luiz Octavio estava na fila. Fabricio ficou feliz. Fui até Luiz Octavio e ele já estava lendo as primeiras páginas do livro. 

Na oportunidade, Luiz Octavio disse que queria conhecer a avenida Augusto de Lima, em Belo Horizonte, que leva o nome de seu bisavô, ex-governador do Estado. Disse que queria que eu apresentasse a avenida para ele. Naquele dia falei sobre o Mercado Central (espécie de Mercadão para nós de São Paulo, Ribeirão Preto, Rio Preto) e do edifício Arcangelo Maletta, que ficam na avenida.  

Sempre me elogiou e incentivou na profissão de jornalista. E eu comentava sobre seus livros, que são fantásticos, principalmente sobre a revolução de 1932. Até hoje, sobre o episódio dos anos 1930, afirmo sem medo de errar que o livro que ele publicou é o melhor de todos. Totalmente imparcial e com excelente apuração.  

Luiz Octavio sempre foi educado e gentil. A morte dele é inaceitável, um baque. 

Muito obrigado por tudo. Fique com Deus. 






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