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Angélica Zignani

Diretora artística e de elenco da Cia dos Pés e ativista cultural


As listas da vida

Por: Angélica Zignani
13/01/2020 às 09:20
Angélica Zignani

Estamos em recomeço. Num consenso de que estamos juntos, começamos do número 1, no dia primeiro. Começamos um novo ano, uma nova década em meio a uma vida de atitudes e comportamentos não novos.

Um desses comportamentos que nos acompanha em velhos-novos anos é fazer lista.

Listar os desejos de mudanças, as metas a serem alcançadas, as barreiras a serem quebradas e também as listas de pendências a resolver.

Por mais que seja novo, qualquer mudança pede a senhora lista como base e quando nos lançamos ao ato de criar o elenco que irá compor nossa história, catalogando em ordem os novos acontecimentos, não queremos prever a desordem em que vivemos. Não considero um negativo e o outro positivo, apenas considero que existimos no caos também.

Nossos desejos nascem antes mesmo de nós, antes de sermos, fomos desejos de outras pessoas e desejo aqui também não fica somente do lado do prazer.

Muitas foram as minhas listas durante os anos, diversas ainda encontro em meio a livros não terminados, agendas esquecidas.
O ano é uma oportunidade, assim como o próximo minuto. 

A ação é dona de qualquer transformação e com ela não há espaço para listas, apesar de na ação conter o planejamento.
Quando buscamos o novo, podemos não o reconhecer, afinal, do novo, pouco se conhece.

O que vejo em mim e em muitos a minha volta é que se espera um novo confortável, um novo compreensível, um novo estático, um novo, mas com cara de velho amigo.

Queremos um futuro com cara de ventre.

É uma busca incansável para uma frente que já se sabe, pois são as curvas que escondem as melhores surpresa do caminho.

Nos dias de menos coragem, que percebo com mais frequência, buscarei a atitude, no topo da lista, do papel ao ato, ou do ato ao papel, sem dar muita importância para a ordem é a atitude que busca a novidade sem cara, aquela nova mesmo, com cheiro diferente e imagem de confundir as referências.

Ainda admiro a organização, sempre fui espectadora dela, como fã mesmo, não me venci nisso, mas me dei uma trégua, me acolhi nesse aspecto, afinal, com a minha carência de organização posso oferecer um leque maior de caminhos, deslocamentos alternativos, descobertas. Vejo o lado legal agora, depois de muito me punir, querendo fazer da minha rotina as listas que criava em cada começo do ano.

Desse tempo de listas, dessa miscelânea organizada, desse estar vivo para conferir, posso dizer que olhar para as listas e se permitir olhar para o hoje é a receita que mais combina com a novidade.

Que as nossas listas sejam vivas e dancem conforme o ritmo de cada dia, em cada novo ano.






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