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Fernanda Sanson

Fundadora do movimento ambiental Muda Que a Cidade Muda


Ecologia profunda: caminhos para o encantamento

Por: Fernanda Sanson
11/01/2020 às 15:05
Fernanda Sanson

Vivemos a era do antropocentrismo, onde a natureza é vista como um cenário para o ser humano onde ele pensa que pode controlá-la e moldá-la.

Em algum momento da história nos esquecemos de quem somos e como estamos conectados na teia universal.

Aprendemos na escola do passado e infelizmente em algumas escolas ainda hoje quais eram os animais úteis para os seres humanos. A vaca que nos dá o leite, o cavalo para o serviço, o porco para a alimentação. Assim como aprendemos a reconhecer os animais inúteis, as cobras, as baratas, o escorpião. E sabemos que nada disso é verdade. Todos os seres tem seu propósito no mundo. Os animais todos têm sentimentos e formam a biodiversidade que é capaz de manter o equilíbrio em todo o universo. Basta ver como as fêmeas tratam seus filhotes, a dedicação, o afeto, a amamentação e todo o cuidado. Somos todos semelhantes e temos os mesmos arquétipos. 

Na ecologia profunda aprendemos a observar a natureza como ela é. Quando negamos a importância de uma espécie da natureza, negamos a nossa própria espécie.

É preciso entender que somos parte de tudo o que nos cerca, em igualdade de direitos para que possamos garantir qualidade de vida para todos.

O holandês Arne Naess criou na década de 70 o termo Ecologia Profunda, que reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos independentemente de seu valor de uso pelos seres humanos  e o foco é nosso planeta e todos os seus habitantes, Ecocentrismo ou Biocentrismo.

O maior espetáculo da vida é a Terra e toda a sua Biodiversidade. Nossa responsabilidade é garantir a sobrevivência de todas as espécies de nosso planeta.  

É um estilo de vida; como consumimos e o que consumimos, como podemos solucionar problemas ambientais em nosso círculo e como podemos nos integralizar nesse sistema garantindo que nosso desenvolvimento respeite a natureza ao nosso redor e como mantê-la viva e perto. Rios limpos, árvores, pássaros, pequenos animais, insetos, caminhos orgânicos nos quintais e parques e praças, treinar nossos olhares para o natural, colocar os pés no chão sem aflição, admirar o por do sol, observar o céu. Não negar o desenvolvimento tecnológico, mas não negar acima de tudo o direito à vida de todos os seres.

Estamos recebendo alertas de que viveremos a sexta extinção em massa no planeta terra. Estamos vendo espécies serem extintas hoje em nosso cotidiano. Não agir no sentido de defender um novo estilo de vida capaz de impactar positivamente o meio ambiente , é compactuar com essas extinções. Não entender que o que você faz impacta toda uma cadeia de vida é ignorar a sua existência e de seus descendentes.

Infelizmente ainda estamos longe dessa consciência, ainda nos separamos da natureza como se ela pudesse existir de um lado e nós de outro.

É um movimento de reflexão sobre o homem com o meio ambiente e o ecossistema.

São Francisco de Assis era um ecologista profundo.

A nossa era está entrando em uma nova fase e muitos estão percebendo e buscando novos sentidos para suas vidas, onde a ciência muda de mecânica para holística, considerando todo o sistema para a solução de problemas.

Qualquer alteração no sistema afetará a todos e reconhecemos isso. A ética da ecologia profunda defende que a sobrevivência de qualquer parte depende do bem-estar do todo. Mas, além dessa base principal, há 8 princípios para a ecologia profunda:

1) O bem-estar e o desenvolvimento da vida humana e não humana na Terra têm valor em si mesmos. Esses valores são independentes da utilidade do mundo não humano para propósitos humanos;

2) A riqueza e a diversidade das formas de vida contribuem para a realização desses valores e também são valores em si;

3) Os seres humanos não têm o direito de reduzir essa riqueza e diversidade, exceto para satisfazer suas necessidades vitais;

4) O florescimento da vida e das culturas humanas é compatível com uma diminuição substancial da população humana. O florescimento da vida não humana requer essa diminuição;

5) A presente interferência humana no mundo não humano é excessiva e a situação está piorando rapidamente;

6) As políticas devem, portanto, ser alteradas. Essas políticas afetam estruturas econômicas, tecnológicas e ideológicas básicas. O estado de coisas resultante será profundamente diferente do presente;

7) A mudança ideológica é principalmente a de apreciar a qualidade de vida (morar em situações de valor inerente) em vez de aderir a um padrão de vida cada vez mais alto. Haverá uma profunda mudança de consciência;

8) Aqueles que acreditam nos princípios da ecologia profunda têm a obrigação, direta ou indireta, de tentar implementar as mudanças necessárias.

Demorará vários anos até que estas mudanças cheguem nas decisões políticas e nas instituições com poder de decisão. Apesar de tudo, Naess sempre se manteve otimista: " Temos que estar preocupados com o que podemos fazer hoje e no próximo século alcançaremos vitórias.”






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