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Wilson Guilherme

Jornalista e escritor


Face a face com o Face

Por: Wilson Guilherme
09/01/2020 às 10:53
Wilson Guilherme

Quando os computadores começaram a invadir para valer as redações dos jornais e das TVs, no final dos anos 80, confesso que resisti à inovação. Não só por comodismo, afinal eu tinha diploma de datilografia. Sim, aprender a bater a máquina com rapidez, correção, usando os dez dedos, ajudava em muito abrir caminho para um emprego, não só na área da comunicação.

Tinha  também aquele lance de ver, pegar, corrigir e se fosse o caso amassar e jogar a lauda no cesto de lixo. Vivíamos na civilização do papel, resumida na frase "a primeira impressão é a que fica". Em contrapartida, via as baias das redações sendo tomadas por aquelas geringonças hoje jurássicas, com telas de fundo preto, letras em verde...um horror. 

Passado tanto tempo em que atirei a máquina de escrever no porão da história, hoje concordo com Elias Canetti, prêmio Nobel de Literatura, "nada teme más el hombre que ser tocado por lo desconocido”. Enfrentei, dominei o novo e o desconhecido, que se tornaram obsoletos, que foram substituídos por outras ferramentas mais modernas e assim sucessivamente.

A resistência também se deu em entrar nas redes sociais, onde sabemos que não há privacidade. A internet, mesmo engatinhando, é o instrumento mais revolucionário e democrático que eu encontrei nesta longa caminhada. Para o bem ou para o mal, a Rede dá voz a milhões que tentam se expressar a sua maneira.

 O Twitter foi minha primeira escola, onde aprendi a sintetizar meus pensamentos em 140 caracteres, uma proeza para quem achava que informação é aquela ferramenta que permite a você esticar a explicação.

Mas é o Facebook, onde estou há sete anos, o universo mais propício para interagir e para as observações que faço sobre comportamento, motivado sempre pelo humor e  pela ironia. Seguem algumas delas:

- Na minha infância já tinha rede social: os vizinhos punham as cadeiras na frente das casas e ali atualizavam as novidades sobre a vida alheia. A cada dia, pelo  menos um caia em desgraça;

- Quem escreve que ser lido; quem fala quer  ser ouvido; quem aparece quer ser visto; quem posta quer ser curtido. Fora isso é tempo perdido;

- Se vivo fosse, talvez Raul Seixas mudasse o final de Ouro de Tolo, para (...) no trono de um apartamento/com a boca escancarada/ cheia de dentes/ esperando o like chegar;

- A ironia é elitista, não por que as pessoas não entendem; é que a maioria faz-se de desentendida

- Todos os dias o aniversariante mais cumprimentado no Face é o "parabéns atrasado”;

- Pescar e postar no Face tem semelhanças: se a isca for boa, logo começam as beliscadas (curtidas)...tem peixe tão distraído que não percebe a "indireta” na ponta do anzol e engole até a chumbada;

- Deixar o Facebook é como largar o cigarro, tem que ser feito devagar, sem alardes, pois como todo vício você pode ter recaída e voltar a qualquer momento;

- As lágrimas que rolam no Face nem sempre rolam na face.

Por fim, aos eventuais leitores/leitoras deste artigo não patrocinado, não impulsionado, não direcionado: continuo digitando no Times New Roman, o que não implica dizer que nasci na Roma antiga. Todos sabem que nada substitui um texto bem escrito, embasado com informações fundamentadas, o que nos dias de hoje estão chamando de conteúdo. #fui






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