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Dom Tomé Ferreira da Silva

Bispo diocesano de Rio Preto


Natal: Cristo é a nossa paz!

Por: Dom Tomé Ferreira da Silva
11/12/2019 às 11:20
Dom Tomé Ferreira da Silva

Nunca é demais recordar que o Natal é de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2019 anos de seu nascimento, ocorrido em Belém de Judá. Ele é Deus, a nossa paz, que veio trazê-la para todos: "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.  Eu não a dou, como a dá o mundo. Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração” (Jo 14, 27).

"Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz a todos por ele amados!” (Lc 2, 14). 

Em retrospectiva, voltando os olhos da razão e do coração para o que vivemos, no Brasil, em 2019, ocorre-me, insistentemente, a ausência e o clamor pela paz. A paz não parece realidade singular, mas plural, que se desdobra em tantas ramificações que não se contradizem, mas se encontram e reencontram no coração e na mente da pessoa humana. Nesse ano que vai caminhando para o ocaso, faltou paz, muita paz, para nós brasileiros.  

Se a presença ou ausência da paz é tão palpável e sentida, ao mesmo tempo, ela parece transcender as realidades mundanas e históricas, situar-se num horizonte que é, ao mesmo tempo, ponto de partida e de chegada.  Tem razão o Apóstolo São Paulo, ao escrever aos cristãos de Éfeso: "Cristo é a nossa paz! ” (Ef 2,14). Nosso Senhor Jesus Cristo é o porto da paz, ponto de partida e de chegada. A paz não é um conceito, é uma pessoa. 

A violência, negação da paz, tem uma multiplicidade incontável de manifestações, algumas assustadoras, marcadas por requintes de crueldade. Há formas de "violência branca”, que se apresentam travestidas, disfarçadas, e que causam prejuízos inimagináveis à pessoa humana e à sociedade, são manifestações do mal sob aparência do bem. Os atos violentos, nas suas mais diversas expressões, remontam também a uma fonte, são cristalizações do mal.

Estamos exaustos da violência das armas de fogo ou brancas, estejam elas nas mãos das polícias, das milícias, dos marginais, ou de simples cidadãos, usadas para amedrontar, ferir ou matar, proposital ou despropositado. Não há um único dia no Brasil em que não somos informados, em tempo real, dos efeitos danosos, letais ou não, do uso dos mais diversos tipos de armamentos. Se num passado, a notícia parecia ser de um acontecimento distante, hoje é o relato de fato ocorrido ao nosso lado.

No âmbito doméstico, entre vizinhos, nas escolas, bares, ou em lugares e situações inusitadas, é muito disseminada a violência física, viabilizada através do uso dos membros do próprio corpo, sobretudo as mãos e os pés: surras, coças, pontapés, murros, palmadas, escoriações, descabelamento, etc., que também conduzem a consequências graves, sequelas físicas e psíquicas, e até à morte. Não é incomum que a violência física esteja associada a práticas racistas e discriminatórias, contra minorias ou pessoas socialmente fragilizadas.

Há também uma violência verbal, ou por imagens, ou até silenciosa, que está sendo potencializada em grande escala pelos meios de comunicação social, sobretudo através das novas mídias, que usam o recurso da internet. Ela estimula a polarização e o rancor, dissemina o ódio e a animosidade entre pessoas e grupos, tornando vulnerável as mais diversas expressões da sociedade, atingindo não só a pessoa singularmente.

Não poderia esquecer de mencionar a auto violência, quando a própria pessoa é a agente e o objeto da agressão. Ela não é somente fruto de distúrbios psíquicos e psiquiátricos, mas também um "modismo” ou "cultura”, que vai se propagando sub-repticiamente, como por exemplo, as mutilações praticadas pelos adolescentes. Também devemos mencionar uma forma extrema, o suicídio, fruto do desespero, do não saber esperar, de buscar um caminho que não é caminho para ver-se livre de um tormento, insuportável para a própria pessoa.

Os sons, as cores, os sabores, os odores do "natal comercial, social, institucional” não são suficientes para abafar ou esconder as florestas de violência, com seus múltiplos e variados frutos, mas todos danosos para a pessoa, as instituições e a sociedade. No máximo, criam um ambiente de artificialidade, com propósitos bem definidos de um "natal pagão”, que de tão insistente e massivo, parece ser o único possível.  E ele começa com tamanha antecedência, depois do dia das crianças, que em 25 de dezembro já estamos cansados e não vemos a hora de chegar o "ano novo”.

Nunca é demais recordar que o Natal é de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2019 anos de seu nascimento, ocorrido em Belém de Judá. Ele é Deus, a nossa paz, que veio trazê-la para todos: "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.  Eu não a dou, como a dá o mundo. Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração” (Jo 14, 27).  Neste sentido, as palavras dos anjos aos pastores, nos campos de Belém, ainda são uma profecia: "Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz a todos por ele amados! ” (Lc 2,14 ).  A paz é dom e resposta: dom de Deus a nós; nossa resposta a Deus. Sejamos construtores da paz, vivendo em paz!

Um Natal santo e de paz para você!  






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