Nossas crianças estão todas hiperativas?
Por: Fernanda Sanson
04/12/2019 às 15:17
Fernanda Sanson
Estamos vivendo a era da Última criança na Natureza?
O estilo de vida no mundo todo está passando por grandes transformações. E não está diferente para as crianças, que estão cada vez mais sedentárias e gerando uma monotonia em suas vidas que têm lotado consultórios de médicos e de psicólogos.
A expressão dos adultos e das crianças de forma integral só é possível a partir do instante que nos conectamos com nossa verdadeira natureza. E para estar íntegro é preciso vivenciar múltiplas experiências. Estar livre é desafiador, desafiar o próprio corpo e a mente para amadurecer. Hoje subir em uma árvore é quase uma experiência radical para uma criança e alguns adultos também.
As crianças estão imaturas no seu desenvolvimento corporal, os adultos estão sobrecarregados e exaustos e pior, sem tempo para estar com as crianças. A conciliação do trabalho, escola e viver com a família está descompensada e as crianças estão sentindo isso no seu desenvolvimento.
Não criam vínculos, não conseguem se expressar, já descobriram o que é o tédio, estão com sua energia armazenada e sem espaço para extravasar. É preciso libertar as crianças. É essencial enfrentar algum risco para entender o que é coragem e para entender que podemos contar com nossas habilidades múltiplas e sermos adultos autônomos.
O desemparedamento das crianças é hoje um grande desafio para o sistema de ensino. É necessário capacitar os adultos para isso e rever os métodos de ensino atuais, onde o aprendizado é passivo e massificador. Uma criança, que aprende conectada com a natureza, será um adulto responsável, produtivo e criativo no futuro. Será um adulto que entenderá as conexões que nos une e se preocupará mais com o todo.
Uma hora por dia é o tempo mínimo necessário para estar em contato com a natureza. Correr descalço, brincar na terra, explorar um bosque ou matas, procurar passarinhos, deitar na grama, olhar o céu, ver as estrelas longe das luzes da cidade, observar as árvores, colher frutos, abraçar árvores, todas essas atividades promovem o aterramento das energias de adultos e crianças. Experimente e sinta a sensação de bem-estar que virá. Crianças e adultos mais calmos, menos stress, mais saúde física e mental.
No livro de Richard Louv, ele nos fala da última criança na natureza, um título apocalíptico, mas que nos leva à reflexão de como podemos ajudar nossas crianças a viverem melhor na era da realidade aumentada, virtual e tecnológica. Nós os adultos de hoje, vamos enfrentar o desafio do engajamento na avalanche tecnológica que veremos chegar nos próximos dez anos em nossas vidas de infância sem tv, sem telefone, sem wi-fi, sem computador.
Buscar escolas alternativas e trabalharmos para a mudança na forma de ensino da rede pública é uma maneira de estabelecermos o equilíbrio necessário para uma humanidade mais feliz e consciente de seus valores.